Os pais dos alunos da escola EB1 de Ponte de Lima vão manifestar-se, na sexta-feira, no Porto, à porta da Direção-Geral dos Estabelecimentos Escolares (DGEST) por não aceitarem que alunos de diferentes anos de escolaridade estudem na mesma sala.
O presidente da associação de pais, Miguel Franco adiantou que o protesto ficou decidido numa reunião geral de encarregados de educação “descontentes com a confusão criada este ano letivo, com a colocação, na mesma sala de aulas, dos alunos da primeira, e segunda classes”.
“As crianças chegam a casa com os trabalhos de casa trocados. Queixam-se de não saber se o professor está a falar para os do primeiro ano ou do segundo. É uma confusão”, explicou o responsável.
De acordo com Miguel Franco, “não há razão para a implementação das turmas mistas uma vez que, no ano letivo transato, a escola tinha 58 alunos inscritos no primeiro ano, e foram criadas três turmas, este não há 61, e só foram criadas duas turmas, juntamente com os alunos do segundo ano”.
“Uns estão a iniciar a aprendizagem da leitura e outros a desenvolver a escrita com ditados e cópias. É uma confusão sobretudo porque estamos a falar de crianças muito pequenas”, explicou, adiantando que ” a exposição que os pais enviaram para a DGEST não obteve resposta”.
Além daquele protesto, os pais decidiram “mostrar o seu descontentamento”, na quinta-feira, envergando uma camisola preta, durante a iniciativa “Abraço ao rio Lima”, que assinala, em Ponte de Lima, o Dia Nacional da Água e o Dia Internacional do Idoso.
“As crianças usarão uma fita preta no braço, em sinal de luto, e será colocada uma faixa preta no centro da vila para chamar à atenção para este problema”, explicou, adiantando que os encarregados de educação “estão dispostos” a boicote à mesa de voto da freguesia de Arca- Ponte de Lima, onde está situada a escola, nas eleições legislativas do próximo domingo.
A Câmara de Ponte de Lima (CDS) também se manifestou “descontente” com aquela situação e “demonstrou apoio a toda a comunidade escolar, que tem protestado contra a opção do MEC.”
Em comunicado aquela autarquia explicou ter desenvolvido “todos os esforços no sentido de evitar aquela situação, quer na solicitação conjunta com os agrupamentos da abertura de novas salas face às necessidades, quer na execução, ao longo do tempo, de um conjunto de políticas que se centram na criança e na sua educação, desde o ensino pré-escolar ao ensino básico do primeiro ciclo”.
O município liderado por Victor Mendes lembrou o investimento de mais de 27 milhões de euros na construção de 12 centros educativos, comparticipados por fundos comunitários em mais de 16 milhões de euros.
“Face a esta grande aposta na Educação, consideramos que esta decisão do Ministério da Educação é um retrocesso sem paralelo, uma vez que a constituição de turmas mistas nos vários Centros Educativos prejudica a aprendizagem da generalidade dos alunos, tanto em qualidade como em diversidade”, lê-se naquele comunicado.