A NASA partilhou esta segunda-feira uma fotografia do cometa C/2022 E3 (ZTF), astro composto por gelo, poeira e gás que se torna mais brilhante conforme a sua aproximação ao sol e à Terra, algo que acontece já a partir desta semana.
Segundo a agência espacial norte-americana, o cometa vai ser visível a olho nu em todo o hemisfério norte a partir do final desta semana, embora, conforme noticiou O MINHO, seja recomendável a observação com binóculos ou até um telescópio, de forma a perceber-se a grande cabeça verde e a sua cauda feita de partículas que vão derretendo na aproximação ao astro-rei.
A escolha por esta imagem resulta na invulgar apresentação de três caudas “extra” do cometa, longas e finas, que complementam a habitual curta e grossa cauda branca do astro, a partir do núcleo (cabeça), apresentado com cor verde por causa do dicarbono.
Astronomy Picture of the Day (APOD) by apod.nasa:
Tails of Comet ZTF
Image Credits:
Jose Francisco Hernándezhttps://t.co/v22QqoPp3w #astrophotography #astronomy #APOD #nasa #astrobin pic.twitter.com/ryjvkwSViX
— ASTRObot (@Bot_APOD_) January 9, 2023
“Na imagem, tirada a semana passada, em frente a um pitoresco campo de estrelas, três caudas azuis estendem-se para o topo direito, muito provavelmente como resultado de uma reação do vento solar nos iões (átomos ou moléculas que perdem energia) libertados pelo núcleo do cometa gelado”, descreve a NASA, partilhando a astrofotografia de José Francisco Hernandez.
E explica ainda: “No topo esquerdo é possível ver a cauda de pó branco do cometa. O brilho verde é causado por gás carbono. É esperado que o cometa ZTF passe junto à Terra no início de fevereiro, ao que depois irá desaparecer dramaticamente”.
Foi descoberto em março de 2022 e estima-se que a sua última passagem junto à Terra terá ocorrido há 50 mil anos, durante o final do período onde dominavam os neandertais (Homo neanderthalensis) e começavam a proliferar os humanos (Homo sapiens), única espécie da nossa linhagem direta ainda viva.
O cometa C/2022 E3 está, novamente, de passagem entre o nosso planeta e o Sol, verificando-se, entre os dias 01 e 02 de fevereiro, o seu ponto mais próximo da Terra, posição astronomicamente conhecida com “perigeu”. As informações foram adiantadas no passado sábado por O MINHO e foram divulgadas pelo Laboratório de Propulsão a Jato da NASA.
Astrofotografado a partir de Várzea Cova
Aproveitando o (raro) céu limpo dos últimos dias, a partir das serras de Fafe, em Várzea Cova, o astrofotógrafo e colunista em O MINHO Miguel Ventura conseguiu registar a ‘bola’ de gelo, poeiras e gases que ‘rasga’ o Sistema Solar a uma velocidade de 39.877 quilómetros por segundo. De notar o seu tom esverdeado na cabeça (e não na cauda), fruto de uma molécula feita de dois átomos de carbono unificados (dicarbono). Essa será, na verdade, uma boa informação a reter para se perceber quais as fotografias verdadeiras do astro que serão partilhadas ao longo das próximas semanas.
Acredita a comunidade da astronomia que, será possível observar o E3 a olho nu, a partir de qualquer ponto do hemisfério Norte (onde se inclui Portugal), sobretudo ao anoitecer ou amanhecer, onde não exista ruído luminoso e desde que as condições climáticas assim o permitam. Por isso, nada como dar um passeio até ao interior minhoto, onde não exista grande poluição luminosa, para testemunhar algo que só os primeiros humanos alguma vez viram. Contudo, recomenda-se a utilização de binóculos, máquinas com lentes próprias para astrofotografia ou, claro, o tradicional e infalível telescópio.