Foi construído na segunda metade do I milénio antes de Cristo, estende-se por três hectares, tem uma das “mais monumentais muralhas” do período pré-romano que se conhece no Norte do país e está agora a ser reabilitado.
Trata-se do Castro de Sabroso, em São Lourenço de Sande, concelho de Guimarães -, um povoado implantado a 277 metros de altitude, junto à margem direita do vale do rio Ave, e a reabilitação iniciou há dias, revela a Câmara de Guimarães.
Estes trabalhos surgem depois de uma proposta votada no Orçamento Participativo de Guimarães, elaborada pela Sociedade Martins Sarmento (SMS) em 2013. A obra é financiada pelo autarquia, com o apoio da União Europeia, no âmbito do programa Norte2020, num investimento que totaliza 218.539,68 euros.
Explica a Sociedade Martins Sarmento, no seu portal, que o espaço interior do antigo povoado é “delimitado por uma linha defensiva formada por duas muralhas distintas, construídas em pedra”.
“Nos pontos de maiores dimensões, a primeira muralha atinge uma altura de 5,20m, e uma espessura de 4,20m, fazendo desta construção uma das mais monumentais muralhas do período pré-romano que conhecemos no Norte de Portugal”, considera a sociedade.
No interior do recinto delimitado pelas muralhas são visíveis 36 construções circulares, que ocupam o espaço de forma relativamente densa.
Foram também identificadas três estruturas retangulares, duas das quais integram um conjunto que tem sido interpretado como uma cisterna. No topo da elevação distinguem-se vários conjuntos de gravuras rupestres, prossegue.
Em comunicado, a autarquia explica que a intervenção foi adjudicada à empresa Era Arqueologia S.A., cuja equipa se encontra já no terreno.
“Os trabalhos, prevêem a colocação de uma vedação em volta da área protegida, a limpeza das ruínas arqueológicas visíveis e respetiva conservação preventiva, a colocação de sinalética informativa e algumas estruturas que proporcionem maior comodidade aos visitantes do monumento”, detalha.
Será criada, desta forma, uma área arqueológica visitável, com cerca de três hectares, permanentemente aberta ao público.
Classificado como Monumento Nacional, é coetâneo da Citânia de Briteiros, e igualmente identificado e explorado pelo arqueólogo Francisco Martins Sarmento, a partir do ano de 1877.
Revela a autarquia que a “intervenção arqueológica que decorre poderá vir a proporcionar novos dados sobre a ocupação e evolução do local, conhecido pelo seu impressionante aparato defensivo”.
Estima-se que o antigo castro esteja em condições de abertura ao público a partir do próximo mês de julho. Até lá, mantém-se restrito o acesso ao monumento, enquanto decorre a intervenção.
A recuperação deste monumento teve colaboração da unidade de arqueologia da Universidade do Minho, assim como do Laboratório da Paisagem, que detalhou um plano de gestão contra a flora invasora do castro.
A limpeza da vegetação tem sido assumida, desde 2020, pelas equipas da empresa municipal Vitrus Ambiente.