O Hospital Senhora da Oliveira (HSOG), em Guimarães, apresentou, esta quarta-feira, a equipa de cuidados paliativos ao domícilio constituída por médicos, enfermeiros, assistentes sociais e assistente espiritual (capelão). A prestação deste tipo de serviço na comunidade tornou-se possível depois de o HSOG ter vencido um prémio da Fundação BPI La Caixa. A equipa, no terreno desde novembro, já fez 84 visitas e acompanha oito doentes no domicílio.
De acordo com a médica Celeste Gonçalves, os critérios para ser acompanhado por esta equipa são “estarem incapacitados e terem sintomas ou terem sintomas que podem piorar com a ida à consulta externa”. Atualmente, a equipa do HSOG acompanha 20 doentes em internamento e oito em apoio domiciliário a que se juntam centenas na consulta externa, através do apoio telefónico e em consultadoria a outras unidades, nomeadamente de cuidados continuados. O perfil do doente, segundo a enfermeira Cláudia Fernandes, “são doentes, normalmente, com mais de 18 anos, com doenças graves, potencialmente fatais, mas, acima de tudo, que podem acarretar um grande sofrimento para o doente e para a família”.
Esta equipa entra em ação, não só na fase terminal. “Temos muitos doentes com cancro de pulmão, com muita tosse, falta de ar e dor. Neste caso os pneumologistas pedem-nos para intervir, mesmo antes do diagnóstico definitivo, para minorar o sofrimento destas pessoas”, indica a médica Celeste Gonçalves.
A equipa intra-hospitalar de suporte em cuidados paliativos existe, no HSOG, desde 2013, embora só para a população internada. “Esta equipa funciona, não como um serviço físico, mas percorrendo todos os serviços onde existem doentes que precisam da sua ajuda”, explica Ana Luísa Portela, enfermeira diretora do HSOG.
O sucesso e o crescimento do número de utentes acompanhados pela equipa de cuidados paliativos interna levaram à vontade de alargar o serviço para a comunidade. O concurso para a criação de Equipas Comunitárias de Suporte em Cuidados Paliativos (ECSCP) do Programa Humaniza, da Fundação La Caixa, surgiu como uma oportunidade de reunir os meios financeiros necessários para avançar com a prestação de cuidados paliativos de forma mais alargada.
Além da equipa do HSOG, foram também premiados pela Fundação La Caixa os projetos do ACES Baixo Mondego, Baixo Vouga e Marão Douro Norte e do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra, neste último caso numa vertente pediátrica. Os 150 mil euros garantem um ano de funcionamento, contudo, António Capelas, presidente do conselho e administração do HSOG, afirma que “é um projeto com um contrato anual, sujeito a avaliações, mas que vai com certeza continuar.”
A contratação dos recursos humanos necessários ao projeto esgota o financiamento da Fundação La Caixa: quatro médicos (um a tempo inteiro), quatro enfermeiros, um assistente social, dois psicólogos e um assistente espiritual. A viatura para as deslocações da equipa foi oferecida pela Liga dos Amigos do Hospital.
Com esta equipa o Hospital de Guimarães quer aumentar a qualidade de vida dos doentes e das suas famílias, proporcionar, a quem o desejar, uma morte com dignidade no domicílio, diminuir o tempo de internamento, criando condições para a alta hospitalar e evitando os reinternamentos e diminuir a obstinação terapêutica.
Nesta fase, a equipa de “Paliativos consigo” funcionará de segunda a sexta-feira, das 08:00 às 20:00.
Aos sábados e domingos, vai funcionar com um enfermeiro das 09:00 às 15:00 e um médico em regime de prevenção.
A equipa disponibilizará ainda apoio telefónico diário entre as 09:00 e as 20:00.