Os trabalhadores da Resinorte manifestaram-se hoje, terça-feira, dia 20, no largo do Toural, em Guimarães. O protesto, contra as condições de trabalho nas empresas do grupo EGF, faz parte de um “circuito nacional de denuncia”, que teve a sua primeira etapa, no passado dia 12, em Coimbra.
A EGF foi privatizada, em 2015, durante a governação de Passos Coelho. A empresa passou a ser controlada pela Mota Engil/Suma. O programa do PS previa a interrupção do processo de privatização da empresa, que controla as diversas empresas de recolha de resíduos de norte a sul do país, mas isso não acabou por não acontecer.
Joaquim Sousa, do Sindicato dos Trabalhadores da Administração Local (STAL), em declarações a O MINHO, diz que a greve se impôs pela intransigência da administração da EGF. “Apesar de os problemas não serem de agora. Por um lado dizem que não são parte, por outro lado dizem que as administrações da empresas locais não têm autonomia para negociar acordos coletivos. Estão a empurrar com a barriga para a frente”, afirma o responsável sindical.
O STAL queixa que os salários estão congelados e que, por isso, os trabalhadores estão a perder poder de compra. Queixam-se também de um aumento da carga e do ritmo de trabalha, da imposição de polivalência e da falta de compensação do risco, “fortemente agravado pelo surto pandémico”.
Os trabalhadores acusam ainda a Mota Engil/Suma de distribuir dividendos que tinham sido acumulados durante a gestão pública, “que eram apicados para conter o aumento das tarifas e realizar investimentos e melhorar as condições de trabalho”.
A EGF está sujeita ao tarifário determinado pelo regulador. O sindicato afirma que a EGF alega que não pode melhorar as condições laborais devido aos maus resultados e à política tarifária que lhe é imposta. Contudo, STAL contesta esta posição e afirma que o aumento dos tarifários só faria aumentar os lucros da Mota Engil/Suma.
O sindicato acusa a EGF de não “abrir nenhum processo negocial digno desse nome”. Além de condenarem o que classificam de um “boqueio das negociações”, defendem um aumento imediato dos salários, a atribuição de um subsídio de risco, o fim da precariedade e a celebração de um acordo coletivo de trabalho, “visando unificar as regras para todos os trabalhadores do grupo”.
O STAL pede a intervenção da Autoridade para as Condições de Trabalho, chamando a atenção para, entre outras coisa, para a desregulação dos horários de trabalho. O STAL apela aos municípios que são “simultaneamente acionistas, clientes e pagadores dos serviços que atuem no sentido de garantir a defesa das populações”.
O STAL insiste na reversão da privatização da EGF como forma de garantir uma política de resíduos norteada pelos interesses da população”.
Depois desta segunda ação, em Guimarães, o “circuito nacional de denuncia”, prossegue com uma tribuna, no dia 26, em Aveiro, com os trabalhadores da ERSUC e no dia 2 de agosto, com novamente com os trabalhadores da Resinorte, desta vez em Celorico de Basto.