Declarações no final do encontro Gil Vicente-Sporting (1-2), da 18.ª jornada da I Liga portuguesa de futebol, disputado na terça-feira:
Ricardo Soares (treinador do Gil Vicente): “É o quinto jogo [da equipa] em 13 dias. Para uma equipa como o Gil Vicente, isso tem os seus custos. É injusto para a minha equipa, pelo que trabalhou e pela qualidade que demonstrou, quer na organização defensiva, quer na saída para o ataque, sobretudo na primeira parte. Fomos melhores na primeira parte. Mas as bolas paradas foram determinantes. O Sporting marcou duas vezes e ganhou. Está de parabéns.
Temos um conjunto de ferramentas que nos permite observar os nossos adversários. Eram percetíveis quais os espaços que poderíamos ocupar [para fazer frente ao Sporting]. Este adversário joga muito por fora e faz movimentos de apoio com o seu avançado. Se tapássemos a largura e déssemos pouco espaço entre a linha defensiva e a linha média, poderíamos ter sucesso. Foi isso que aconteceu. O Sporting mandou bolas em profundidade, mas a defesa e o Denis resolveram isso. Anulámos o jogo interior do Sporting e saímos com grande critério para o ataque. Criámos imensas dificuldades ao Sporting na primeira parte.
Na segunda, tivemos mais dificuldades em tapar os espaços. O Sporting tem uma excelente equipa, teve critério e circulou a bola mais rapidamente, algo permitido por este excelente relvado. Tivemos tantas faltas contra nós, o que foi prejudicial, pois o Sporting quase só nos criou problemas de bola parada. O Sporting é forte no jogo aéreo.
O Ygor Nogueira [defesa central que hoje não jogou] é muito forte nesse momento do jogo [bolas aéreas], ofensivamente e defensivamente. Estávamos bem posicionados, mas, no duelo, perdemos. Devemos enaltecer a capacidade dos jogadores do Sporting, nomeadamente o Coates. Os meus jogadores aplicaram a estratégia na sua totalidade. Estou muito satisfeito com eles”.
Rúben Amorim (treinador do Sporting): “O jogo só acaba quando o árbitro apita para o fim. foi um jogo muito complicado, contra uma equipa com a lição bem estudada. Entrámos bem, com uma bola parada em que poderíamos ter feito golo, mas, a partir daí, fomos displicentes com a bola e lentos na pressão.
Fomos para o intervalo e a mentalidade da equipa mudou completamente. Tivemos mais bola, vários cruzamentos e faltou alguém colocar a bola na baliza. Acabámos por fazer um golo e depois um outro [no final]. O Gil Vicente esteve muito bem na primeira parte, mas deixou de fazer na segunda. O jogo teve muitas paragens na segunda parte.
O Coates é um exemplo para nós. Esteve muito bem a defender e a atacar. É o nosso capitão.
Chamámos a atenção para a falta de intensidade [ao intervalo]. Falámos onde é que estavam os espaços. É mais fácil para nós perceber isso do que para os jogadores. Era sobretudo precisa uma mudança de mentalidade. O Gil Vicente estava a chegar primeiro às bolas.
Em relação às substituições, percebemos que o Gil Vicente fechava muito o meio. Em vez de um lateral, precisávamos de um ala na esquerda. Precisávamos também do [Gonçalo] Inácio, muito forte a lançar bolas nas costas. Acho que funcionaram.
Sou sempre o primeiro a falar na ‘estrelinha’, mas hoje foi querer. Já tivemos ‘estrelinha’, com o Belenenses SAD e em algum jogo com os outros ‘grandes’. Hoje, tivemos querer. Senti sempre que poderíamos marcar hoje. Mais até do que na primeira volta com o Gil Vicente [‘leões’ viraram resultado e venceram por 3-1].
Vamos ter saídas complicadas. Somos uma equipa que tem de estar sempre intensa. Não podemos dar 10, 20, 45 minutos de avanço, porque, num dia, não vamos conseguir dar a volta. Os jogadores sentiram que o jogo foi complicado e que têm de trabalhar para crescer.
Não imagino nada [quanto à ‘festa’ da eventual conquista da I Liga]. Imagino ganhar ao Paços de Ferreira [na 19.ª jornada]. Penso na forma como o [Gonçalo] Inácio entrou e o Dani [Bragança] entrou. A festa fez-se na final da Taça da Liga. Até ganharmos mais alguma coisa, não se pensa em festas.
Não foi o melhor dos jogos do Paulinho, mas é normal, porque chegou a uma equipa nova. O bloco do Gil Vicente esteve muito mais junto e o Paulinho não teve espaço para fazer ligações. Mesmo sem espaço, cria sempre problemas. Ele está feliz e eu estou muito feliz com ele. Jogos maus, ainda vai ter muitos na carreira.
Não sai mais motivada. Uma equipa sai sempre mais motivada quando tem muitas oportunidades e não tem oportunidades contra. Na primeira parte, ‘deixámos andar’ o jogo. Para os próximos, vamos mostrar [aos jogadores] porque é que a primeira parte aconteceu. O Gil Vicente teve mérito, mas temos responsabilidade [de fazer mais]”.