A cabeleireira de Braga que colocou uma ação contra o Estado criou agora uma petição online em que reclama a possibilidade de abertura por marcação, a permissão de realização de serviços ao domicílio e a revisão dos critérios do ‘lay-off’. Vânia Oliveira, que interpôs no Tribunal Administrativo e Fiscal de Braga uma intimação para a proteção de direitos, liberdades e garantias contra o Estado português, afirma querer “levar a causa mais longe” e “ser ouvida na Assembleia da República”.
Como O MINHO noticiou em primeira mão, a gerente da Sorriso Figura, empresa que detém um salão de cabeleireiro na cidade de Braga, já tinha abordado o assunto com os seus advogados, mas só decidiu avançar com a ação contra o Estado após Cristina Ferreira ter partilhado uma imagem nas suas redes socais em que mostrava estar a receber tratamentos de cabeleireiro – a qual revoltou os profissionais do setor impedidos de trabalhar devido às regras do estado de emergência no país.
“[Foi aí] que a revolta me surgiu e decidi, sem medos, que tinha que fazer alguma coisa não só por mim, mas pelas minhas trabalhadoras e por todos os que estão fechados e em dificuldades. Se uns podem trabalhar num conceito de domicílio, então podemos todos, ou não pode nenhum e aí entram os apoios, é tudo uma questão de igualdade”, disse na altura.
Agora, o protesto avançou para uma petição online, que, salienta, “não é contra nenhuma figura pública mas, antes, no sentido de reestabelecer a igualdade e se, para uns, a possibilidade de prestar serviços a um conceito lato de domicílio é possível, então, nas exceções legislativas do Estado de Emergência, deverá possibilitar-se essa opção ou, antes, manter os funcionamentos dos estabelecimentos assegurados pelo sistema de marcações”.
Na petição, em que pede revisão do estado de emergência e das medidas de apoio às pessoas, famílias e empresas, Vânia Oliveira defende, tal como na intimação ao Estado, que este permita a abertura destes estabelecimentos, assente num conjunto de regras escrupulosas; permita a prestação de serviços, com todas as medidas da DGS, por domiciliação; ou permita que o acesso ao ‘lay-off’ não tenha a entrave de inexistência de dívida ao Estado.
Cabeleireiro de Braga põe ação contra Estado. “Se uns podem trabalhar, então podemos todos”
“Queremos discutir o que se passa no país. E isto não é só na nossa área. Podemos ir ao supermercado buscar comida e comprar bebidas, mas no take-away não podemos trazer uma garrafa de água. Se encomendarmos pela Uber, já podemos ter bebida. Isto não me faz sentido”, critica Vânia Oliveira.
“Não está a haver igualdade. E a saúde está preocupante. Fechamos? Sim. Mas então que nos tratem a todos por igual e os apoios aconteçam, sem entraves, porque a fome e as dificuldades estão a surgir”, conclui.