Uma matilha de cães situada numa propriedade privada em Lama, concelho de Barcelos, está a preocupar populares depois de mais uma luta, durante a manhã desta segunda-feira, onde um dos cães é violentamente atacado pelos restantes. Uma denúncia levou a que militares da GNR, delegado de saúde e veterinária municipal se deslocassem, durante esta tarde, ao terreno em questão, mas não conseguiram entrar na propriedade por se tratar de um local privado e o alegado cuidador não estar disponível para o efeito.
A luta ocorrida durante a manhã foi gravada por uma vizinha que cedeu o vídeo a O MINHO, podendo nele verificar-se que um dos cães é violentamente atacado pelos restantes. Havia suspeitas de que os cães pudessem estar a comer o cão mais pequeno, mas fonte da delegação de saúde de Barcelos disse a O MINHO que tal situação seria pouco provável, atribuindo o ataque a uma mera luta dentro da matilha, ressalvando, no entanto, que não visualizou as imagens.
Fonte da GNR confirmou a O MINHO que militares se deslocaram ao local na sequência de uma denúncia, mas que ainda não foi possível aferir as condições dos animais. “Cada um dos canídeos será avaliado um a um de forma a perceber se possuem microchip e se têm a vacinação em dia”, disse a mesma fonte, descartando a análise de eventuais maus tratos aos animais com base no que foi comunicado pelas autoridades de saúde.
A O MINHO, a delegação de saúde confirma que avaliou não haver sinais de maus tratos por parte dos cuidadores para com os animais, excetuando as eventuais lutas que possam deixar mazelas, mas que as mesmas “são habituais”. “Também não se verificou que os mesmos estivessem mal nutridos, têm sombra, espaço, comida e água, logo não há registo de maus tratos”. Quanto a algum lixo que é visível nas imagens divulgadas, a autoridade indica que o mesmo “não constitui perigo de saúde pública”. O MINHO tentou contactar a veterinária municipal de forma a recolher a sua avaliação, mas tal não foi possível.
Vizinhos revoltados
A história desta matilha já é antiga e mediática. Em setembro de 2019, a octogenária que geralmente alimenta os animais (e que não será a proprietária dos mesmos) sofreu uma queda, ficando ‘sequestrada’ no local pelos próprios cães, que não deixavam bombeiros nem GNR aproximarem-se.
Segundo a GNR indicou na altura, a idosa terá dado uma queda quando dava de comer aos cães e os animais ficaram à volta dela, tornando “complicado e eventualmente perigoso” o socorro por parte dos bombeiros.
Para criar as “devidas condições de segurança”, a GNR mobilizou para o local efetivos do Corpo de Intervenção, da cinotecnia e do ambiente.
“Conseguimos trazer a vítima para fora da propriedade em condições de segurança, para lhe ser prestada a assistência necessária”, acrescentou então a fonte da GNR, acrescentando que a operação decorreu “sem qualquer incidente”.
Há alguns anos, os cães escaparam para a via pública e chegaram a atacar populares que seguiam a pé naquele local, paredes meias com a igreja paroquial. O caso esteve para ir para tribunal mas a vítima terá chegado a acordo com o proprietário dos cães.
“Já não posso fazer mais nada”, diz autarca
O MINHO falou com João Silva, presidente da Junta de Lama, que confirma o “problema” com os animais, as queixas apresentadas mas confessa-se “farto” da situação que “nunca mais é resolvida”.
“É verdade que avançavam os muros e chegaram a ferrar em várias pessoas, houve processos em tribunal, denúncias à delegação de saúde e ao Ministério Público, mas continua tudo igual”, lamenta.
O autarca foi chamado, “há poucos meses”, aos serviços do Ministério Público para dar o seu parecer quanto à situação, e se a mesma tinha conhecido melhorias desde que se verificaram os ataques em via pública.
“Eu declarei que continuava tudo na mesma, que embora tenham sido feitos alguns arranjos, os cães poderiam voltar a saltar a vedação e a atacar pessoas”, explica.
João Silva também viu o vídeo do ataque desta manhã e é perentório: “foi com um cão mas podia ser com uma pessoa, caso escapassem para a via”. O autarca lamenta que haja na freguesia quem diga que “a junta não faz nada”, explicando que “não posso intervir em propriedade privada”: “tudo o que já foi possível fazer, fiz, agora não dá para fazer mais”.
Denuncia ainda um problema em relação a pulgas provenientes dos animais que chegam a atingir a escadaria da igreja, situada ao lado. “É um local emblemático da nossa freguesia e já tivemos de proceder a desinfestação do espaço por causa das pulgas”, revela.
O MINHO tentou chegar à fala com o proprietário dos animais, mas sem sucesso.