Um grupo de trabalhadores da Universidade do Minho, integrados ao abrigo do programa de regularização de precários, estão a manifestar-se num dos campi da instituição contra o “brutal roubo” nas remunerações e a forma como o “processo foi conduzido”.
Em declarações à Lusa, o representante do Sindicato dos Trabalhadores em Funções Públicas e Sociais do Norte, Orlando Gonçalves, que dinamizou a concentração em conjunto com a Associação dos Bolseiros de Investigação Científica, referiu que a instituição minhota integrou cerca de 100 trabalhadores com vínculo precário, “a maioria bolseiros de investigação” e que em alguns casos houve “um rombo” de 400 euros nas remunerações mensais.
O sindicalista avisou mesmo que, “se se mantiver a situação, irá haver recurso aos tribunais”, mas que esta é uma solução “muito demorada”.
“A regularização dos trabalhadores do Estado com vínculo precário foi um embuste. Aqui temos trabalhadores que tinham um rendimento de 1.600 euros e passaram a ter de 1.200, embora ganhando direitos que não tinham como bolseiros”, disse.
Segundo o sindicalista, “o que devia ter sido feito era a integração tendo como salário base o valor da bolsa, mas a Universidade do Minho não decidiu assim, pegou no que recebiam e dividiu por 14, na maioria dos casos”.
Orlando Gonçalves realça que “uma perda mensal de rendimento tão significativa põe em risco compromissos assumidos por estes antigos bolseiros com base no rendimento que tinham e há situações muito complicadas”.
Do lado da Universidade do Minho, questionado sobre as reivindicações destes trabalhadores na segunda-feira, quando foi anunciada a concentração, o reitor, Rui Vieira de Castro mostrou entender a situação de alguns trabalhadores mas lembrou também o lado da UMinho.
“Aquilo que procuro dizer é que, para lá do cumprimento da lei, que é o que estamos a fazer, é importante que se tenha em consideração o esforço financeiro enorme que está a ser solicitado à universidade e aquilo que são as suas receitas próprias”, disse.
Segundo o reitor, “o conselho de gestão tomou oportunamente uma decisão muito ponderada em função da leitura que faz do quadro jurídico aplicável”.
No entanto, admitiu, ser “verdade que alguns (trabalhadores) mostraram reservas” face àquilo que “entendiam ser uma degradação das suas condições financeiras”.
“A verdade é que a universidade ponderou largamente todo este dossier e pautou por uma grande transparência a sua posição. Naturalmente entendo que possa haver algum descontentamentos relativamente a algumas soluções”, disse.