Mais de 270 pessoas participaram na homenagem que, no passado domingo, a comunidade de Famalicão prestou ao médico pediatra Miguel Machado, apontado como “o vizinho que todos gostamos de ter” e o profissional de saúde que “nos tem contagiado pelo poder terapêutico da alegria”, como salientou Carlos de Sousa, presidente da entidade organizadora, a associação Casa da Memória Viva (CMV).
Para as crianças que o tiveram por primeiro médico, é “o avô que qualquer neto escolheria”, como salientou o sobrinho-neto João Peixoto, que falou em nome da família.
Estiveram presentes pessoas de quase todo o concelho de Vila Nova de Famalicão, assim como de algumas freguesias de Guimarães, e representadas várias instituições locais a que o homenageado está ligado ou que serviu enquanto médico.
O médico que “nunca dá entrevistas”, deu uma, bastante rara, ao Jornal de Notícias, a uma antiga paciente. “Os meus doentes eram quase todos filhos de operários têxteis, pobres, muitos sem dinheiro para os medicamentos e eu ainda lhes ia cobrar a consulta? Não podia fazer isso. Saía do consultório sempre tarde e, enquanto tinha, ainda dava caixas de medicação aos pais”, explicou, na entrevista.
À homenagem, associaram-se também a Câmara de Famalicão, a Junta de Freguesia de Joane e a Junta e a Assembleia de Freguesia de Castelões (onde “o médico dos pobres”, como por aquelas latitudes, Miguel Machado carinhosamente é referenciado, nasceu há 83 anos).
Mais de uma dezena de cidadãos famalicenses fizeram chegar aos organizadores mensagens de tributo ao homenageado, enquanto o Lions Clube de Vila Nova de Famalicão, o Centro Hospitalar do Médio-Ave, os órgãos autárquicos da Freguesia de Castelões e a CMV, em nome de todos os participantes, lhe entregaram lembranças alusivas à ocasião.
Com a “Casa do Outeirinho”, no Louro, completamente lotada, no almoço de confraternização com o homenageado estiveram familiares, amigos, autarcas, dirigentes de instituições particulares de solidariedade social, colegas de profissão e, sobretudo, muitos cidadãos anónimos que são ou foram seus pacientes. Irmanados pelo mesmo sentimento de gratidão, todos lhe quiseram expressar a sua gratidão, pela “disponibilidade, capacidade de fazer o bem e qualidade dos serviços médicos” que receberam, como realçou o provedor da Santa Casa da Misericórdia, Rui Maia.
No final, o homenageado agradeceu, com uma ponta de emoção, o reconhecimento que tantos concidadãos lhe manifestaram, reafirmando o seu compromisso com o serviço à comunidade e o bem comum.
“As pessoas são o mais importante da vida e devem ser sempre a prioridade”, afirmou, em jeito de ensinamento.
O médico Miguel Carvalho Machado é natural de Castelões e licenciou-se pela Faculdade de Medicina da Universidade do Porto em 1968. Concluiu o Internato Geral no Hospital de São João (1970) e tirou a especialidade de Pediatria no Hospital de Maria Pia, tendo estagiado na Maternidade Júlio Dinis (1974).
Exerceu a sua profissão durante 32 anos (1972/2004) no Hospital de São João de Deus (atual Centro Hospitalar do Médio Ave), assim como nos centros de saúde de Joane, primeiro, e da sede do concelho de Famalicão, depois.
É bastante conhecido em Joane, onde goza de elevado prestígio e onde manteve, até há pouco tempo, consultório. Ainda hoje, há três instituições particulares de solidariedade social que beneficiam da sua colaboração: Santa Casa da Misericórdia (desde 1972) e os centros sociais paroquiais de Joane e Brufe.