O diretor do Agrupamento Europeu de Cooperação Territorial (AECT) do Rio Minho anunciou hoje a conclusão, em abril, de um plano de mobilidade para o Alto Minho e Galiza, que deverá avançar após as eleições autárquicas espanholas.
“Tecnicamente, o Plano de Mobilidade Sustentável do Rio Minho Transfronteiriço vai estar concluído em abril, mas o que vai ser feito com ele, em termos políticos, só depois das eleições autárquicas espanholas, marcadas para 26 maio”, adiantou Uxío Benítez Fernández.
O responsável, que falava em conferência de imprensa hoje realizada no edifício Área Panorâmica de Tui, na Galiza, apontou o mês de junho como data provável para uma decisão sobre o documento.
“Além das eleições autárquicas espanholas, vão ainda realizar-se eleições para a província de Pontevedra. Em junho já estarão em funções os novos executivos que saírem das eleições de maio e poderão ser iniciados contactos com os novos autarcas para podermos saber o que fazer com este estudo”, afirmou Uxío Benítez Fernández, que é também Deputado de Cooperação Transfronteiriça da província de Pontevedra.
O AECT Rio Minho, com sede em Valença, abrange um total de 26 concelhos: dez da Comunidade Intermunicipal (CIM) do Alto Minho e 16 concelhos galegos da província de Pontevedra com ligação ao rio Minho.
A elaboração do plano integra o projeto Smart Minho candidatado ao Programa Operacional de Cooperação Transfronteiriça Espanha-Portugal 2014-2020 (INTERREG V-A), cofinanciado a 75% e com um orçamento total superior a 942 mil euros.
Fernández adiantou que o estudo, adjudicado à empresa MMasa, por 23 mil euros será, “possivelmente, o primeiro no mundo em que se aborda a mobilidade numa dimensão transfronteiriça”.
“É a visão mais acertada, tendo em conta que se trata de um território que abrange dois países. Queremos acabar, por completo, com o conceito de fronteira. Este é um território único, com mais de três mil quilómetros quadrados de área, constituído por 36 municípios portugueses e galegos” disse, destacando a existência de três eurocidades (Vila Nova de Cerveira e Tomiño, Valença e Tui, e Monção e Salvaterra do Minho), “as três com mais de 110 mil habitantes”.
Luciano Alfaya, arquiteto da empresa que vai fazer o estudo, revelou que o plano vai ser traçado “a partir da análise do modelo atual de mobilidade, assente no transporte particular”.
“Este plano vai centrar-se mais na definição de ações piloto, que possam ser desenvolvidas a curto prazo, para melhorar a mobilidade entre as eurocidades que, atualmente, tem um fluxo de mais 27 mil veículos por dia”, referiu.
Presente no encontro com os jornalistas, o presidente da Câmara de Vila Nova de Cerveira, no Alto Minho, Fernando Nogueira referiu que o plano agora lançado é “uma aspiração antiga” por ser “extremamente importante e cada vez mais atual”.
“Terá que englobar toda a realidade desta zona transfronteiriça, com uma relação muito forte não só em termos de lazer e turismo, mas também na vertente económica e do emprego. Este plano tem de contemplar alternativas ao automóvel. Populações que vivem tão próximas devem privilegiar a mobilidade pedonal e clicável”, defendeu.
O presidente da Câmara de Valença, Jorge Mendes, disse ser necessário ultrapassar as dificuldades administrativas e burocráticas identificadas há oito anos, aquando da elaboração do primeiro plano de mobilidade transfronteiriça pela Associação do Vale do Minho Transfronteiriço (Uniminho), estrutura que antecedeu o AECT do Rio Minho.
“Existem questões administrativas, que já foram identificadas há oito anos, para as quais temos de ter respostas céleres. (…) Na altura, falámos com a União Europeia e com os governos dos dois países. Ficaram todos de arranjar uma solução para implementar o plano no terreno e, entretanto, passaram oito anos. Temos de contornar isso”, frisou.
O autarca de Tui, Carlos Vázquez Padín, classificou de “ideal” a escolha daquela cidade galega para o lançamento deste plano, por se tratar da região que apresenta o “maior movimento transfronteiriço em toda a fronteira entre Portugal e Espanha”.
“É preciso combater as limitações burocráticas a este processo. É o mais difícil porque os decisores estão longe e é difícil chegar a eles”, admitiu.