O território e lembranças de Guimarães foram “reinterpretados” pelas crianças do concelho, no projeto “Pergunta ao tempo”, que teve por objetivo “chegar às memórias coletivas” vimaranenses através daqueles que “não têm memória” mas “têm toda a curiosidade”.
Quando se questiona o Tempo, nem sempre o Tempo responde “quanto tempo o tempo tem”. Às vezes responde com objetos, como relógios de parede, máquinas de costura, “trapos bordados à mão”, porta-fatos, quadros, livros ou cassetes de música.
Foram estas algumas das respostas que os alunos do 4.º ano do conselho de Guimarães – um total de 289 – tiveram quando perguntaram ao tempo quem eram, e que estão agora em exposição na Casa da Memória, em Guimarães.
“O objetivo deste projeto [‘Pergunta ao Tempo’] é chegar às memórias coletivas de cada um dos lugares de Guimarães, e achámos que a melhor maneira de o fazer era através das crianças, que, apesar de terem pouca memória, têm toda a curiosidade. Assim conseguimos chegar às diferentes memórias sobre artefactos, objetos de Guimarães”, explicou a responsável pelo projeto, Marta Silva.
As respostas do Tempo por vezes surpreendem, os tempos variam na memória: “Através destas crianças conseguimos perceber que há coisas que não são tão contemporâneas com pensávamos, como as cassetes de música por exemplo”, explicou a responsável.
“As cassetes eram desconhecidas por muitas destas crianças”, apontou, salientando a importância deste tipo de projetos na preservação da memória de um território.
“Elas conseguiram reinterpretar coisas do quotidiano, que viam em casa dos pais, dos avós, dos tios que não sabiam para o que era, essas coisas aqui ganham dimensão museológica”, disse.
O espicaçar da curiosidade infantil era outro dos objetivos do “Pergunta ao Tempo”, segundo explicou a diretora artística do setor de Educação da Oficina, Ana Lúcia.
“Este projeto partiu do desafio lançado à Casa da Memória, que pretendia estimular o espírito de pesquisa, recolha de informação sobre o território, despertar as crianças para uma procura do conhecimento que não seja só aquela dada na escola”, explanou.
As respostas do Tempo vão estar em exposição até 12 de setembro, na Casa da Memória, o local de Guimarães onde cabe toda a vivência da comunidade, território, História e muitas histórias.