Nasceu na freguesia de Espinho, no concelho de Braga, ‘chegou” à cidade com 20 anos. Começou a trabalhar aos 15, tirou o 12.º ano à noite, com um tio. Assim começa a história de António Salvador, contada em entrevista ao canal web do clube, no âmbito do 20.º aniversário enquanto presidente dos Gverreiros do Minho, comemorado na passada sexta-feira, 24 de fevereiro.
O convite do Cónego Melo e de Mesquita Machado, a amizade com Jesus, os dois anos de sonho com Domingos ou uma revelação sobre André Villas-Boas são alguns dos momentos que fazem parte desta conversa em jeito mais intimista.
Salvador conta como que se iniciou como presidente de um clube ainda com 17 anos, no Bairro da Misericórdia, “curiosamente logo acima do estádio” municipal, revelando uma paixão pelo futebol que já vem da infância, e lembrou como chegou o convite para assumir os destinos dos ‘arsenalistas’ em 2003.
“O falecido cónego Melo veio ter comigo, que queria falar comigo, por causa do Braga. Tinha falado com o Mesquita Machado, que o Braga estava numa crise tremenda, campeonato e a nível financeiro, e o cónego dizia que eu era a pessoa ideal para dar a volta, mas eu disse-lhe, primeiro, que não era o momento, mas tanto insistiram e após reuniões com o engenheiro Mesquirta Machado e pessoas amigas minhas convenceram-se a assumir o destino do SC Braga”, recorda.
O atual presidente ainda se lembra da primeira ação desempenhada pela sua direção mal assumiu o destino do clube: “No primeiro dia, eu e a direção começamos a resolver os problemas financeiros, que os mais velhos bem se lembram, havia vários meses de salários em atraso, e nós resolvemos isso nesse momento. Depois foi estruturar e cortar com tudo o que era do passado, montar uma equipa e seguir em frente”.
Para Salvador, “e ainda bem para o SC Braga”, as três medidas propostas pela direção foram cumpridas: “Decidir problemas financeiros do momento, salvar o clube de descer de divisão e colocar o clube a lutar todos os anos pelas competições europeias”.
Sobre os últimos 20 anos, não tem dúvidas que foi “o maior desafio” por ter dado “muito” de si: “É uma paixão que, depois de cá estar, sente diariamente e é quase impossível desligar, porque quem sente isto no dia-a-dia, é complicado, não se consegue desligar, é uma atividade muito intensa onde todos os dias temos de estar alerta em tudo o que se faz, mas passados estes 20 anos, estou bem, cada vez mais motivado para continuar em frente”,
O presidente revelou ainda que poderia ter saído ao fim de dois anos: “Nunca pensei estar cá 20 anos… Como disse, tinha esses três objetivos e depois queria dar oportunidade a outras pessoas. Esses objetivos foram logo conseguidos nos primeiros dois anos, mas o meu desafio não acabou, por uma ou por outra razão, fui continuando porque não havia quem substituísse, e passaram estes 20 anos do clube sempre em crescendo”.
Ao longo da entrevista, várias personalidades deixaram alguns testemunhos sobre António Salvador, entre os quais o seu irmão mais novo ou os treinadores Domingos Paciência, que revelou ter tido “os dois melhores anos da carreira de treinador” ao serviço do SC Braga, e Jorge Jesus, que confidenciou que o presidente “é um grande amigo” e o principal responsável por colocar o “Braga a intrometer-se na luta pelo título”.
Como curiosidade, o presidente do SC Braga também revelou um “segredo” a envolver Domingos e André Villas-Boas: “Nesse ano, ia escolher entre ele [Domingos] e o Vilas Boas, com quem disputámos depois a final da Liga Europa (risos)”.
E prosseguiu com a revelação: “Isto não é público mas posso dizer que reuni com os dois, mas na altura o Villas-Boas, gostei da conversa e senti que poderia ser um grande treinador mas nunca tinha treinado ninguém. Pesou mais a parte do Domingos, também porque gostei da conversa com ele e porque já estava a treinar na Académica, então veio para cá o Domingos e o Villas-Boas foi para a Académica (risos). Mas foram anos bons, tive pena de o Domingos não continuar, disse-lhe que a ida para o Sporting não poderia ser o melhor para a carreira, e infelizmente, no meu entender, não foi, mas a vida é assim, faz-se de decisões e foi pena ele não ter continuado”.
Sobre a conquista da Taça de Portugal, para Salvador, “foi um momento de grande emoção, 50 anos depois, ter a Taça entregue pelo Presidente da República, um sócio bracarense assumido, foi um momento de grande emoção, para mim, para todos do clube e para a cidade de Braga e os adeptos. Teve um significado especial”.
Pode assistir aqui à entrevista completa.