Os presidentes das câmaras de Vizela, Fafe e Felgueiras defenderam hoje, na Assembleia da República, a necessidade de uma solução técnica eficaz que acabe definitivamente com o problema da poluição do rio Vizela.
Para os três autarcas ouvidos pela Lusa depois de terem participado numa audição sobre o tema na Comissão de Ambiente, Energia e Ordenamento do Território, o funcionamento da estação de tratamento de águas residuais (ETAR) de Serzedo constitui a questão central do problema.
O presidente da Câmara de Vizela, Vitor Hugo Salgado, tem liderado a contestação pública ao funcionamento daquele equipamento da empresa de capitais públicos Águas do Norte, que considera ser o principal foco poluidor daquele afluente do rio Ave.
Em declarações à Lusa, o edil de Vizela disse que apresentou aos deputados o dossier que a câmara reuniu sobre o problema, “com todos os dados”, incluindo fotografias, análises à água e vídeos que, acentuou, comprovam o problema das emissões poluentes da ETAR lançadas para o Vizela.
O autarca recordou que a solução pode passar pela construção de um emissário que ligue a ETAR de Serzedo (Guimarães) à ETAR de Lordelo, no mesmo concelho, de acordo com um projeto já executado, mas para o qual não há ainda financiamento.
Vítor Hugo Salgado disse esperar que esta audição no parlamento, que agradeceu, constitua mais um passo para a resolução do problema, com o “envolvimento empenhado” dos deputados daquela comissão, reafirmando que a sua autarquia recomendará o boicote às eleições presidenciais se a situação não for, entretanto, resolvida.
O presidente da Câmara de Fafe, que também preside à Comunidade Intermunicipal do Ave, recordou à Lusa que a poluição de Vizela é um problema transversal a vários municípios, porque se trata do principal afluente do rio Ave.
Raul Cunha assinala que o problema está, de facto, na ETAR de Serzedo e o facto de drenar num ponto do rio que tem, sobretudo no verão, pouco caudal, situação que se acentuou nos últimos anos, agravando as queixas.
O autarca de Fafe admite que a solução pode passar por um emissário ligando à ETAR de Lordelo, mas sublinhou que essa possibilidade não pode nunca significar transferir o problema de um município para o outro. Raul Cunha espera ser possível encontrar as melhores soluções técnicas para resolver o problema, “sem prejudicar ninguém”.
Anotou, depois, que os dinheiros disponíveis para o setor do ambiente nos próximos anos podem ajudar a resolver o problema, articulando a Agência Portuguesa do Ambiente e os municípios do Vale do Ave.
Em relação aos focos poluidores do rio no seu concelho, onde nasce o Vizela, nomeadamente algumas indústrias do setor têxtil, disse que a situação está hoje “muito melhor” do que no passado, o que se deveu ao incremento das ações de fiscalização e acompanhamento constante por parte da autarquia e das autoridades.
O presidente da Câmara de Felgueiras também se mostrou preocupado com o funcionamento da ETAR de Serzedo, para onde drena parte dos esgotos do concelho, recordando que no contrato de concessão que conduziu à construção daquele equipamento estava prevista a execução de um emissário, na margem esquerda (do lado de Felgueiras), que nunca aconteceu.
Segundo Nuno Fonseca, aquele emissário, cuja construção considera essencial, poderia ajudar a resolver o problema dos afluentes naquele ponto do rio, além de facilitar os investimentos que a autarquia tem vindo a fazer ao nível do saneamento básico.
O presidente de Felgueiras indicou, por outro lado, que a câmara tem atuado para identificar focos de poluição no rio Vizela.