O vice-presidente da Câmara de Caminha renunciou hoje ao mandato autárquico, informou a autarquia liderada pelo socialista Miguel Alves e, à Lusa, Guilherme Lagido explicou “não ter condições políticas” por não ser candidato nas eleições de setembro.
“Não serei candidato nas próximas eleições autárquicas e, não sendo candidato, não faz sentido estar cerca de dois meses a fazer o quê. Não tenho condições políticas para exercer o resto do mandato”, afirmou hoje Guilherme Lagido em declarações à agência Lusa.
Na nota hoje enviada à imprensa, o presidente da Câmara de Caminha confirmou ter recebido “hoje, ao final da manhã, uma carta de renúncia ao mandato subscrita pelo vereador Guilherme Lagido Domingos, com efeitos a partir de 01 de agosto de 2021”.
O vice-presidente, que detém ainda os pelouros do Planeamento e Gestão Urbanística, Obras Particulares, Ambiente e Gestão dos Serviços Urbanos, Proteção Civil, Agricultura e Pescas, Trânsito, Ocupação da Via Pública e Publicidade, Fiscalização, Recursos Humanos e Informática, adiantou que “já não estava à espera de ser candidato pelo PS nas próximas eleições”.
“Estas coisas são programadas com antecedência e se até ontem (terça-feira) não me disseram nada, é porque não contavam comigo”, disse Guilherme Lagido, que hoje entrou de férias.
Questionado pela Lusa se esperava ter sido convidado para integrar a lista socialista às eleições de 26 de setembro, respondeu ter entrado “num projeto que gostaria de levar até ao fim”.
“Não escondo que gostaria de levar o projeto até ao fim, mas também percebo que haja outros interesses e que, portanto, se dê a devida sequência a esses interesses”, referiu.
Guilherme Lagido admitiu que o processo podia ter sido conduzido de outra maneira.
“Isto podia ter sido feito de outra maneira, mas na vida nem tudo é feito como nós achamos. Uma coisa é certa, todos os projetos em que participei dão-me uma enorme satisfação porque corresponderam, totalmente, ao que eu esperava”.
Garantiu “não sair zangado, nem magoado com Miguel Alves”, mas admitiu que não gostou da forma como acabou.
“Não vou dizer que gostei. Acho que havia outra forma de resolver, mas cada qual tem o seu género”, referiu, adiantando se vai manter afastado da atividade político-partidária ativa, mas que irá continuar a participar na vida do concelho “de outras formas”.
Assegurou que não irá concorrer às eleições autárquicas, mas garantiu que irá “exprimir” as suas “opiniões sobre o que se faz e sobre o que se deveria fazer”.
“Isso pode ser feito de forma escrita”, afiançou o antigo diretor do Parque Nacional da Peneda Gerês (PNPG).
No comunicado enviado às redações, o socialista Miguel Alves agradeceu “todo o trabalho realizado pelo vereador Guilherme Lagido Domingos, salientando o contributo extraordinário que o mesmo deu na afirmação estratégica de Caminha nos últimos oito anos, evidenciada, sobretudo, no processo de revisão do Plano Diretor Municipal (PDM)”.
A “produção de projetos de reabilitação urbana e de criação de novos equipamentos, a informatização dos serviços de obras da Câmara Municipal, a afirmação da prioridade da sustentabilidade ambiental e da absoluta seriedade e entrega com que prosseguiu os objetivos assumidos perante os eleitores ao longo dos últimos dois mandatos”, foram outros dos aspetos salientados pelo autarca socialista.
“O legado de Guilherme Lagido é inequívoco e será sempre parte da marca indelével da governação do PS no Município de Caminha”, sustenta a nota.
Com a renúncia do vereador Guilherme Lagido a partir do dia 01 de agosto, o presidente da Câmara de Caminha reassumirá, até final do mandato, os pelouros que lhe estavam delegados.
Na semana passada, a candidatura de Miguel Alves, que concorre pela última vez, informou que o antigo autarca do PSD, Manuel Amial, é o seu mandatário.
Antigo autarca e militante do PSD com residência em Vila Praia de Âncora, Manuel Amial tem 75 anos, e é casado inspetor tributário reformado.
Nas autárquicas de 2017, o PS garantiu a Câmara de Caminha com 53,15% dos votos e quatro mandatos. O PSD foi a segunda força política mais votada, com 39,14% e três mandatos autárquicos.
O PCP alcançou 2,78% dos votos e o CDS-PP 1,129%.
As eleições autárquicas estão marcadas para dia 26 de setembro.