Uma viagem em torno de uma ideia de justiça é o tema que dá mote ao projeto cultural que a Comédias do Minho vai desenvolver em 2019, e que vai ser apresentado, publicamente, esta quinta-feira.
“Em 2019 continuamos a nossa viagem em torno de uma ideia de Justiça. Este é o segundo ano, de quatro, até 2021, em que nos dedicamos a olhar e a trabalhar sobre esta ideia, a partir de diferentes perspetivas. Acreditamos que uma análise mais justa do mundo está estreitamente ligada ao conhecimento”, afirmou ontem à agência Lusa a diretora artística da companhia de teatro criada em 2003, por cinco municípios do distrito de Viana do Castelo.
Magda Henriques adiantou não ser “por acaso” que a apresentação pública da programação para 2019, na quinta-feira, pelas 18:00, vai decorrer no aeródromo Cerval, em Vila Nova de Cerveira.
A diretora artística da Comédias do Minho adiantou que o tema da viagem está associado a outras imagens, as da bagagem, identidade e fronteira.
“Alguns dos projetos que ajudam a refletir sobre estas ideias prendem-se com o trabalho que vamos desenvolver com o Teatro do Vestido e com o Teatro Meridional. São as duas companhias convidadas a vir trabalhar connosco para o Minho, com a nossa companhia”, especificou, em declarações à Lusa.
Entre janeiro e julho, as Comédias do Minho trabalharão com o Teatro do Vestido na primeira criação do ano, onde desenvolvem as metodologias que lhes são características e as suas investigações, que cruzam a história oral, o trabalho etnográfico e autobiográfico”.
“O título da criação é Paisagem com Pessoas e parte, entre outros, do livro ‘Viagem a Portugal’, de José Saramago. Aqui se resgatam vozes raramente escutadas e se quebram fronteiras geográficas e temporais”, especificou Magda Henriques que é, desde outubro de 2016, a diretora artística da companhia, tendo substituído João Pedro Vaz.
Já a criação do final do ano, com o título CA MINHO, será da responsabilidade do Teatro Meridional e parte de “uma pesquisa histórica, antropológica e vivencial que incorpora a contemporaneidade do território”.
“Esta criação entronca no Projeto Províncias, desenvolvido desde 2003 pelo Teatro Meridional, e viajará pelo Minho, no circuito habitual das Comédias do Minho, e Lisboa, onde fará uma temporada. Também nós, assim, saímos do nosso território”, sustentou.
Desde o início do ano, a companhia tem ainda em circulação, pelos cinco concelhos que a criaram, o espetáculo Fogo Lento, de Costanza Giovone, vencedor da Bolsa Isabel Alves Costa.
Já o Projeto Pedagógico, em circulação pelas escolas do primeiro ciclo, uma criação “Mesa”, de Catarina Requeijo, aborda como uma mesa pode ser tantas coisas, em função de quem a vê, e também um detonador de memórias e afetos.
Em curso estão já diversas oficinas, o projeto “Música que Mexe” destinado ao pré-escolar, o projeto Portas do Tempo, promovido pela Comunidade Intermunicipal (CIM) do Alto Minho, a peça U, de Joana Magalhães para segundo ciclo.
Concertos oficina para bebés, formações e os “Encontros Excêntricos: da Arte e da Educação”, em outubro, são outros dos destaques da programação.
As Comédias do Minho são um projeto cultural dos municípios de Melgaço, Monção, Paredes de Coura, Valença e Vila Nova da Cerveira.
O grupo, com sede em Paredes de Coura, assenta a sua atividade em três eixos de intervenção – o teatro, mas também um projeto pedagógico -, apostando na formação artística dos jovens, e um projeto comunitário, difundindo e dinamizando projetos das comunidades, apoiando também a formação de grupos de teatro amadores.