As chefias militares ucranianas poderão decidir retirar as tropas de Bakhmut (leste), admitiu hoje um conselheiro do Presidente da Ucrânia, quando as tropas russas prosseguem uma vasta e prolongada ofensiva para capturar a cidade.
“Vamos considerar todas as hipóteses para os nossos militares. Até agora, têm mantido a cidade, mas se for necessário haverá uma retirada estratégica”, disse Alexander Rodnyansky, um conselheiro económico do Presidente ucraniano Volodymyr Zelensky, citado pela cadeia televisiva norte-americana CNN.
“Não vamos sacrificar todo o nosso povo para nada”, acrescentou.
A batalha por Bakhmut, na província de Donetsk, leste do país tornou-se num símbolo da resistência ucraniana e quando os seus defensores têm resistido ao longo de muitas semanas a constantes bombardeamentos, e com as tropas russas a registaram pesadas baixas na campanha pelo controlo da cidade, segundo diversas fontes ucranianas.
Rodnyansky assegurou que a Rússia está a utilizar as melhores tropas do grupo militar privado Wagner para tentar cercar a cidade. Esta empresa militar é dirigida por Yevgeny Prigozhin, com antigas ligações ao Presidente russo Vladimir Putin.
Hoje, Prigozhin disse não detetar sinais de retirada ucraniana da cidade, e admitiu que Kiev esteja pelo contrário a reforçar as suas posições nesse local.
“O Exército ucraniana está a deslocas tropas adicionais e a fazer o que pode para manter o controlo da cidade”, indicou Prigozhin. “Dezenas de milhares de soldados ucranianos estão a oferecer uma forte resistência e os combates tornam-se cada vez mais sangrentos”.
Fotos recentes de ‘drones’ mostram a escalada de devastação na cidade, e quando Zelensky já considerou que está “destruída”.
Na sequência da invasão da Ucrânia há um ano, a Rússia bombardeou várias cidades e localidades que pretendia ocupar. As infraestruturas energéticas foram outro alvo dos ataques, num aparente esforço para enfraquecer a moral da população e das tropas locais.
Analistas ocidentais citados pela agência noticiosa Associated Press (AP) têm referido que o regresso do tempo quente pode fornecer uma oportunidade a Moscovo para desencadear uma nova ofensiva, e alertam para a possibilidade de um longo conflito.
A ofensiva militar lançada a 24 de fevereiro de 2022 pela Rússia na Ucrânia causou até agora a fuga de mais de 14 milhões de pessoas – 6,5 milhões de deslocados internos e mais de oito milhões para países europeus –, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
Neste momento, pelo menos 18 milhões de ucranianos precisam de ajuda humanitária e 9,3 milhões necessitam de ajuda alimentar e alojamento.
A invasão russa – justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de “desnazificar” e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia – foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e imposição à Rússia de sanções políticas e económicas.
A ONU apresentou como confirmados desde o início da guerra 8.101 civis mortos e 13.479 feridos, sublinhando que estes números estão muito aquém dos reais.