Meteoro provocou momento incrível no concerto de Sérgio Godinho em Barcelos

O meteoro que rasgou os céus de Portugal na noite de sábado foi captado em imagem a partir do concerto de Sérgio Godinho, em Barcelos, vendo-se perfeitamente o corpo e o rasto do astro incandescente.

O cantautor português interpretava a conhecida música “Hoje é o primeiro dia” quando a ‘bola de fogo’ rasgou os céus, levando a que muitos dos presentes questionassem se estaria a decorrer algum ‘extra’ do espetáculo em curso ou se era mesmo um meteorito. Para tornar a situação ainda mais insólita, Godinho fez um brinde com um copo de vinho precisamente ao mesmo tempo em que o clarão surpreendeu os presentes.

As imagens, captadas por Henrique Martins que assistia ao concerto no meio do público, foram divulgadas nas redes sociais do Theatro Gil Vicente.

Como O MINHO noticiou, um bólide (meteoro de grandes dimensões) explodiu esta noite ao reentrar na atmosfera sob a Península Ibérica, levando até a um alerta em Castro Daire, distrito do Viseu, para a queda de meteorito, situção que não se confirmou.

O clarão foi visto às 23:46 em cidades como  Braga Guimarães, Barcelos e Famalicão, havendo já dezenas de relatos nas redes sociais vindos de todo o país e também de Espanha.

A O MINHO, alguns habitantes de Braga testemunharam “um grande clarão”, havendo quem falasse também numa “explosão”.

Vídeo: Pedro Branco

Em Barcelos, a videovigilância mostra como o céu nublado ficou verde durante vários segundos.

vídeo: Soajo Nature

O ‘site’ da Proteção Civil assinalava uma possível situação de queda de meteorito em Castro Daire, Viseu, conforme confirmou O MINHO junto dos bombeiros locais.

Contudo, apurou O MINHO junto do Comando Sub-regional de Viseu, Dão e Lafões, os Bombeiros de Castro Daire não encontraram qualquer sinal da queda de meteorito na povoação de Pereira, depois de um popular ter dado o alerta de que “viu algo estranho” a cair do céu.

Fonte do Comando Sub-regional disse a O MINHO, pelas 01:45, que o alerta para a queda de um meteorito passou para o estado de “patrulhamento”, mas após primeira busca não se confirmou a queda de um meteorito.

“Não se confirma, mas as equipas estão em patrulhamento”, disse a mesma fonte, indicando que o alerta foi dado “após relatos de um popular que teve a sensação de ter visto cair ali” o meteoro que provocou um grande clarão nos céus de Portugal.

Contudo, as equipas ainda se encontram no local e eventualmente podem encontrar vestígios, algo que já deveria ter acontecido pois é normal que estas quedas (quando não se desintegram integralmente na reentrada da atmosfera) originem incêndio, dada a elevada temperatura dos resíduos de rocha ou metal que atingem o solo ao longo de vários quilómetros.

A reentrada de bólides (meteoros de maior dimensão) na atmosfera é algo comum e já vista várias vezes nos céus do Minho.

No início deste ano, O MINHO e alguns dos seus leitores colaboraram com o professor de astronomia na Universidade de Santiago de Compostela, Manuel Andrade Valinho, astrofísico que dedica parte da sua investigação a este fenómeno, encontrando-se ainda a analisar o bólide semelhante que irrompeu no Norte em 17 de dezembro de 2023.

Mais de 500 observados em Braga

Em dezembro de 2023, durante a chuva de estrelas Perseidas, que ocorre todos os anos, o Observatório Astronómico de Gualtar, em Braga, registou a entrada na atmosfera de mais de 500 meteoros numa só noite.

O meteoro leva essa designação apenas quando entra na atmosfera terrestre para se desintegrar. À semelhança do que ocorre com o relâmpago na trovoada, o meteoro é também um “flash” de luz, neste caso que ocorre quando o bólide vindo do espaço se desintegra antes de atingir solo planetário.

Onda de choque é que causa ferimentos

Em entrevista a O MINHO, em 2022, o astrofísico Nuno Peixinho, recordou o meteoro que caiu na Rússia (em 2013), porque foi um acordar para a realidade, ou seja: não é preciso ser muito grande para causar muitos estragos.

Referia-se ao meteorito que caiu em Chelyabinsk, a 15 de fevereiro de 2013, e que provocou ferimentos em mais de 1.000 pessoas, embora não haja registo de mortes. Peixinho explica que os ferimentos deveram-se à onda de choque, que partiu vidros enquanto as pessoas ‘espreitavam’ pelas janelas, e não à explosão do meteorito.

“Conta-se que houve uma professora primária que, quando viu o clarão, e porque tinha o treino de Guerra Fria, mandou os alunos todos para debaixo da mesa, assumindo que era uma explosão nuclear e que depois vinha a onda de choque”, recordou Peixinho, explicando que os feridos foram atingidos por vidros de janelas que partiram.

É que, depois do clarão que assolou os céus daquela cidade, as pessoas foram às janelas “espreitar”, não antecipando que a onda de choque chegaria passado alguns minutos. E quando chegou, os ‘curiosos’ estavam com a cara próxima dos vidros, que se partiram, e causaram ferimentos. Quase todos os edifícios daquela região sofreram danos nas janelas.

“E esse só tinha cerca de 15 metros”, constatou o astrofísico.

 
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