Trabalhadores da Bosch, em Braga, acusam a administração de “empurrar com a barriga” a negociação do caderno reivindicativo e de recorrer “abusivamente” a vínculos precários e à discriminação, ameaçando cumprir “dias inteiros” de greve caso as negociações não avancem.
Cerca de meia centenas de trabalhadores concentraram-se esta manhã junto às instalações da multinacional alemã, depois de um plenário, e foi cumprida uma hora de greve, prevendo-se igual protesto parcial ao final da jornada laboral, das 17h00 às 18h00.
Uma fonte na Bosch afirmou que a administração está “disponível para ouvir” as reivindicações dos trabalhadores, que, referem estes, incluem nomeadamente o aumento do salário em um euro por dia e o fim da “discriminação” entre trabalhadores.
“A administração andou desde fevereiro a empurrar com a barriga as negociações, para manter a ideia de que está aberta ao diálogo, mas tudo isto acaba por não se traduzir em negociação, acaba por não se traduzir em nada”, explicou aos jornalistas Sérgio Sales, representante sindical dos trabalhadores em protesto.
A greve parcial desta manhã, e do final da tarde, constitui um “primeiro sinal que há descontentamentos” mas, avisou o sindicalista, “pode vir a ser um ponto de rutura”.
Sérgio Sales alertou que os trabalhadores “estão fartos dessa situação e estão disponíveis para avançar com outras formas de luta que podem ser dias inteiros de greve”.
Entre as reivindicações apresentadas à administração estão a exigência de aumento dos salários generalizados, sem “descriminação” entre trabalhadores, nomeadamente os sindicalizados na CGTP.
Além disso, explanou, a administração “subiu o salário dos trabalhadores precários e congelou o salário dos efetivos, principalmente dos mais antigos”.
Os trabalhadores insurgem-se ainda contra o “uso abusivo” de vínculos precários na empresa “que hoje até vai mais longe” com os estágios do Instituto de Emprego e Formação Profissional e engenheiros a trabalhar “por 680 euros”, referiu.
Os trabalhadores exigem ainda que “quem está a ocupar postos de trabalho permanentes tenha contrato de efetivo e não vínculos precários”.
Fonte da Bosch reiterou a “disponibilidade” da administração para “ouvir” os trabalhadores mas que há uma “outra posição” quanto ao caderno reivindicativo.
“Temos a certeza que vamos chegar a um acordo mais cedo ou mais tarde”, disse, no entanto.