Dez reflexões do encenador e pedagogo espanhol Guilhermo Heras, transformadas na peça de teatro “Pequenas Peças Desoladas”, assinalam o reinício da atividade da companhia profissional de Viana do Castelo, suspensa em julho por falta de financiamento.
O diretor artístico do Teatro do Noroeste – CDV, Ricardo Simões, explicou que a estreia da nova produção representa “o debelar uma situação limite que levou à suspensão da atividade regular da companhia”, que “desde final de 2012 que deixou de poder contar com o apoio da Direção Geral das Artes”.
“Conseguimos ultrapassar esta fase difícil com o apoio da Direção Regional de Cultura do Norte, e da Comunidade Intermunicipal (CIM) do Alto Minho que serão nossos parceiros e cofinanciadores da programação que iremos apresentar até final dezembro”, explicou Ricardo Simões que, divide com Guilhermo Heras, a encenação de “Pequenas Peças Desoladas”.
A peça, com estreia marcada para quinta-feira, às 21h30, no teatro municipal Sá de Miranda, apresenta dez “das muitas reflexões” que o encenador e pedagogo espanhol foi produzindo “durante as viagens” da sua vida, “sobre personagens que encontrou na vida quotidiana”, e que estão reunidas em livro.
“São textos sobre assuntos muito atuais. Alguns relacionam-se com o impacto que sinto, no imediato, quando confrontado com algumas notícias na comunicação social relacionados com conflitos mundiais, questões sociais, ambientais, condições laborais na Europa, e de defesa dos animais”, explicou Guilermo Heras à margem do ensaio realizado esta quarta-feira à tarde para a comunicação social.
Já Ricardo Simões adiantou que a produção número 122 desta companhia profissional “retrata personagens cujas existências contrastam com a ideia de que é possível viver num mundo melhor”.
Explicou que a peça “retrata muito bem a essência do momento que a Europa, e o mundo estão a viver”, e que os textos, “apesar de escritos há vários anos, abordam a crise dos refugiados que estamos a viver, das pessoas que estudaram muito e não têm emprego, e das que são forçadas a emigrar por falta de perspetivas”.
Para o diretor artístico do Teatro do Noroeste – CDV e encenador desta peça, este é “um projeto arrojado por estar prevista uma digressão nacional em 2016”, por se tratar “de uma proposta urbana, e mais exigente”.
Com tradução de Alexandra Moreira da Silva, a peça conta com interpretação dos atores Adriel Filipe, Ana Perfeito, Elisabete Pinto e Tiago Fernandes.
O espetáculo vai estar em cena até 31 de outubro, de quarta a sábado, às 21h30, no teatro municipal Sá de Miranda, em Viana do Castelo, “Pequenas Peças Desoladas” é a 122ª criação do Teatro do Noroeste – CDV que, desde setembro, tem a direção artística de Ricardo Simões.