A BeStitch, empresa têxtil de Guimarães que despediu 60 funcionários em agosto, recebeu 1,5 milhões de euros em fundos comunitários, foi hoje revelado.
A informação é dada pelo Ministério da Presidência numa resposta ao Grupo Parlamentar do PCP.
“De acordo com os dados relativos a beneficiários de fundos europeus, disponíveis no Portal Mais Transparência, a empresa BeStitch, no âmbito do Portugal 2020, consta como beneficiária de três projetos aprovados no montante global de cerca de 1 milhão e 500 mil euros”, pode ler-se no comunicado.
Para os comunistas, “esta é uma de muitas situações que confirma que perante a cumplicidade do Governo do PS, de PSD, Chega, IL e CDS, se criam pretextos para continuar a atropelar os direitos dos trabalhadores ao mesmo tempo que os dinheiros públicos são aproveitados para aumentar os lucros”.
“É uma situação de ilustra bem o aproveitamento interesseiro que o patronato faz de certos elementos de conjuntura para justificar despedimentos e outras opções dessa natureza”, acrescenta o PCP, reclamando que “o Governo assuma as suas responsabilidades e concretize uma política que defenda os direitos dos trabalhadores e o trabalho com direitos e salários dignos”.
Atraso no subsídio de férias
Como O MINHO noticiou, a têxtil BeStitch, de Guimarães, anunciou, em agosto, o despedimento coletivo de 60 trabalhadores.
“A ausência de pagamento do subsídio de férias, entretanto resolvida, abrangeu todos os cerca de 200 trabalhadores da empresa”, refere o PCP.
O partido diz que, de acordo com relatos que lhe chegaram, “esta decisão pode ter como objetivo exclusivo reduzir custos e possivelmente facilitar operações que permitam ao mesmo proprietário manter a atividade liberto de compromissos com os seus trabalhadores e ainda beneficiar de apoios do erário público”.
Empresa diz não ter alternativa
Numa carta enviada aos trabalhadores despedidos, a empresa referia que “a crise que neste momento atravessa o setor têxtil” levou à “diminuição da procura dos bens e serviços desta empresa” e “obriga à redução dos seus custos operacionais”.
Para a BeStitch, é necessária uma “reorganização e reestruturação”, incluindo “a sua produção, o seu planeamento e a sua estrutura de direção, com a necessária e urgente contração dos custos inerentes”.
Dedicada à produção de produtos para a casa, designadamente para cama, banho e de mesa, esta empresa, com vinte anos de laboração, conta com cerca de 200 trabalhadores.
O seu proprietário é Rui Machado, presidente do Pevidém Sport Clube.