Braga: Tribunal iliba filha e genro de Mesquita Machado e dois empresários

Braga: tribunal iliba filha e genro de mesquita machado e dois empresários

O Tribunal da Relação de Guimarães declarou, ontem, extinto o processo que envolvia a filha e o genro do ex-autarca socialista de Braga, Mesquita Machado, e dois empresários, mandando-o arquivar, por ter concluído que o crime de abuso de poder a que foram condenados em dezembro, no Judicial de Braga, prescreveu ao fim de cinco anos, ou seja, em 2018.

Assim, os juízes-desembargadores nem sequer analisaram o teor do recurso dos quatro arguidos, por terem concluído que o suposto crime ocorreu em 2013, quando a Câmara de Braga deliberou comprar três edifícios anexos ao Convento das Convertidas, que serviriam para acolher uma pousada da juventude. O que, supostamente, beneficiaria os arguidos.

Abuso de poder

Na primeira instância, os quatro foram condenados a penas entre os dois anos e um ano e sete meses, suspensos, por crime de abuso de poder.

O coletivo de juízes absolveu-os do crime de participação económica em negócio, crime que, esse sim, teria um prazo de prescrição de dez anos.

O crime – dizia o acórdão – foi praticado “em conluio com Mesquita Machado” no chamado caso das Convertidas.

O acórdão obrigava, ainda, cada um deles, a pagar verbas entre os dois mil e os 1.500 euros a quatro instituições sociais.

Em julgamento, os arguidos negaram sempre a prática de qualquer crime, dizendo nada terem a ver com a decisão camarária de comprar os três prédios.

Recurso para a Relação

No recurso para a Relação, o advogado Filipe Cerqueira Alves pedia a absolvição do casal, evocando o testemunho de Pedro Vieira, antigo inspetor da PJ/Braga que investigou o negócio das Convertidas, e que foi perentório: “não recaiu diligência investigatória sobre os arguidos que os ligasse à autoria dos crimes”.

Por isso, – sustentou – “não se pode condenar quem não foi investigado, não se pode afirmar com certeza aquilo que não foi apurado”.

Concertação com o ex-autarca

Resumindo o teor da “sentença”, o juiz-presidente disse, em dezembro, que os quatro “atuaram de forma concertada” com o ex-presidente da Câmara , Francisco Mesquita Machado, sendo que o antigo autarca foi já condenado, em 2018, em processo idêntico conhecido como “das Convertidas” a três anos de prisão, também com pena suspensa pelo crime de prevaricação, em concurso aparente com o de abuso de poderes.

Os juízes concluíram que, em conjunto com Mesquita Machado, montaram, uma operação para salvar da falência a empresa do casal, a Castro & Castro Rodrigues, SA, e o então sócio, Pedro Castro Rodrigues, que deviam 2,7 milhões de euros ao BCP e mais um milhão ao empresário Manuel Duarte.

No processo esteve em causa, a decisão municipal de maio de 2013 de adquirir três imóveis, por 2,9 milhões, para uma operação de reabilitação do antigo Convento das Convertidas, que seria transformado em Pousada da Juventude.

A compra foi feita à CCR II, que pertencera – em 50 por cento – ao genro do então autarca. Firma que tinha estado em insolvência.

Recorde-se que, em 2013, a proposta de expropriação foi aprovada na Câmara, tendo a oposição (PSD/CDS) votado contra e o PS a favor.

Mesquita Machado não compareceu na reunião nem votou por estarem em causa familiares.

Ricardo Rio anulou negócio

Em outubro e após a Coligação Juntos por Braga (PSD/CDS) ter ganho as «autárquicas», o novo presidente Ricardo Rio pediu a anulação da expropriação no Tribunal Administrativo, cuja concordância obteve. O cheque, que havia ficado retido à ordem do processo, voltou aos cofres camarários. Rio denunciou o caso ao MP e o mesmo fez a CDU.

No julgamento do ex-Presidente de Braga, o MP defendeu, na acusação, que o negócio, que para se concretizar implicaria um investimento municipal de 6,5 milhões, 74 por cento dos quais através de um empréstimo do IRHU (Instituto estatal de Habitação) e do BEI (Banco Europeu de Investimentos) prejudicaria a autarquia, posto que esta dispensou um financiamento europeu, já garantido, de 1,49 milhões para a edificação da Pousada no Convento São Francisco.

Só que, como a compra não se concretizou e o empréstimo não avançou, o Tribunal entendeu que não houve crime de participação económica em negócio”.

 
Total
0
Shares
Artigo Anterior
Os números do euromilhões

Os números do Euromilhões

Próximo Artigo
Colisão com quatro carros provoca três feridos em esposende

Colisão com quatro carros provoca três feridos em Esposende

Artigos Relacionados