O município de Terras de Bouro “estranha” que a Proteção Civil tenha deslocado o Helicóptero Bombardeiro Ligeiro (HEBL) do Centro de Meios Aéreos de Braga, para o de Famalicão, depois de a Proteção Civil ter anunciado, em sessão realizada a 12 de maio na vila do Gerês, que o aparelho ficava em Braga.
Em declarações ao o o MINHO, o seu presidente, Manuel Tibo disse ter sido surpreendido com o anúncio, feito a 31 de maio, de que o aparelho iria para Famalicão, já que ninguém contactou a Câmara e os restantes municípios da CIM Cávado: “tinham-nos dito que em Braga ficava um helicóptero Kamov e um HEBL! A verdade é que o socorro aos incêndios que possam ocorrer na serra do Gerês, em pleno Parque Nacional, vão ser atacados vários minutos mais tarde, o que, parecendo pouco, é muito importante para evitar a sua propagação”, disse.
Manuel Tibo, que é também presidente dos Bombeiros Voluntários locais, salientou que, no verão de 2022, a Proteção Civil estacionou um grupo de bombeiros naquela vila, precisamente para que o ataque às chamas fosse mais rápido: “este ano ainda ninguém disse nada sobre isso”, lamentou, mas salientando que um grupo de soldados da paz da corporação local vai estar presente na vila, para tentar “preservar vidas e bens dos habitantes e dos milhares de visitantes que ali acorrem”.
Conforme o o MINHO noticiou, a Comunidade Intermunicipal do Cávado escreveu, sexta-feira, ao Ministro da Administração Interna alertando-o para o facto de que a deslocalização do previsto para “afeta a eficácia do ataque inicial em incêndios que ocorram nas freguesias do Parque Nacional da Peneda Gerês e Reserva Mundial da Biosfera, que ficarão desprotegidas”.
Os seis presidentes da Comunidade Intermunicipal (Esposende, Barcelos, Braga, Vila Verde, Amares e Terras de Bouro) “discordam da decisão” dizendo que a deslocação do HEBL de Braga para Famalicão, interfere diretamente com a raio de atuação de 40 km para o ataque inicial, no município de Esposende, mas sobretudo nos que estão localizados a norte do Cávado em particular nas freguesias de Vila Verde e de Terras de Bouro”.
Decisão imponderada
“Com o histórico do número de ocorrências no nosso território, a saída do HEBL de Braga é uma decisão imponderada e precipitada. O nosso território fica dependente do comando sub-regional do AVE que, além de ver reforçados os seus meios com a transferência para Famalicão, sempre estarão empenhados na resolução das suas ocorrências em detrimento do auxílio ao território do Cavado.
com menos um meio aéreo ligeiro para atuar”, acentua o organismo.
A CIM recorda, a propósito, que “o HEBL transporta consigo operacionais da Unidade de Emergência e Proteção e Socorro da Guarda Nacional Republicana, que são os que melhor conhecem o território do Cávado oferecendo uma mais-valia para o combate inicial”.
Na missiva, a Comunidade do Cávado diz que deliberou por unanimidade, “comunicar a sua discordância com esta decisão e solicitar o devido e cabal esclarecimento quanto à sua origem, se a mesma é definitiva ou se se trata apenas de uma deslocalização pontual e limitada no tempo”.
O documento foi, também, enviado à Secretaria de Estado da Proteção Civil, à Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil, à Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte e ao Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas.