“Um punhado de terra” é a história de um negro trazido de África para Portugal, como escravo, uma peça criada e levada à cena pelo Teatro Art’Imagem, que a apresenta na sexta-feira, em Arcos de Valdevez e, no domingo, em Ourense, Espanha.
A obra descreve, na primeira pessoa, como os homens brancos chegaram à aldeia do homem negro, “destruíram os seus bens, mataram sua mulher e filhos e seus vizinhos, o trouxerem como gado em barco, o venderam e escravizaram, retirando-lhe todos os direitos de um ser humano”.
“Um punhado de terra” é também, segundo a companhia, “uma comédia negra sobre o medo, uma espécie de ‘Guantânamo teatral’, parábola sobre o discurso securitário e único que atravessa principalmente a sociedade ocidental, um tema global com aproximação aos últimos anos vividos em Portugal, ao desemprego e às dificuldades que a maioria do povo português padeceu à mercê de um governo sem sensibilidade social”.
“Cinco séculos passados, desde a nossa chegada a África, marcaram a nossa vida e a nossa história, e, sobre ela, nunca é demais falar, principalmente porque ainda hoje nos deslumbramos com os nossos gloriosos descobrimentos, branqueando factos e acontecimentos com a ideia peregrina de que o nosso colonialismo era melhor do que o dos outros. E continuam os mitos e os encobrimentos”, escreve o Teatro Art’Imagem.
“Um punhado de terra” tem texto de Pedro Eiras, encenação de José Leitão, interpretação de Flávio Hamilton, direção técnica de Pedro Carvalho.
A apresentação na Casa das Artes de Arcos de Valdevez realiza-se na sexta-feira, às 21:30, no âmbito da Mostra de Teatro Luso-Brasileiro. De seguida a peça será apresentada em Ourense, Espanha, no domingo. As entradas são gratuitas.