O empresário detido por ser o principal suspeito de matar um amigo eletricista em janeiro de 2020, em Guimarães, por estar convencido de que o mesmo lhe terá furtado cerca de 100 mil euros, escreveu na rede social Facebook – alguns meses depois de ter cometido o alegado ato de assassinato – que “25 anos de prisão é pouco” para “assassinos e ladrões”.
António Silva, mais conhecido como “Toni do Penha”, é suspeito de raptar, agredir e matar Fernando “Conde”, depois de alegadamente o ter contratado para um trabalho de eletricidade que nunca chegou a existir, uma vez que era tudo para ‘forçar’ a vítima a confessar o alegado roubo – que nunca ficou provado.
Terá então, com ajuda de um tratador de cavalos da região, de apelido Salgado (que também foi detido), atirado o corpo de Conde ao rio Ave. Poucos dias depois, e já com o alerta dado para o desaparecimento do eletricista, Toni do Penha tentou suicidar-se, depois de interrogado pela Polícia Judiciária como testemunha.

Poucos meses depois, e enquanto decorria a investigação que culminou esta semana com a sua detenção, o suspeito fez uma publicação inusitada nas redes sociais, onde diz ser pouco 25 anos de prisão como pena máxima.

“Porquê só 25 anos de prisão para monstros que nem merecem ver a luz do dia? (E que muitas vezes nem 25 anos de pena cumprem!)”, escreveu a propósito das boas vindas que deu ao surgimento do partido Chega.
E prosseguiu a publicação, atribuindo um possível aumento de criminalidade à chegada de cidadãos estrangeiros: “E como se não bastasse já toda a escumalha, os parasitas do sistema que já cá temos, agora também temos que financiar a vinda de tantos estrangeiros que se dizem ‘refugiados’, que supostamente fogem da guerra mas que na verdade só nos trazem mais criminalidade e problemas”.
Conta ainda o suspeito que passou “muitos anos” na Arábia Saudita onde observou “a maneira como são castigados os ladrões e assassinos”. “Quem mata morre, e quem rouba fica sem mãos. Se aqui em Portugal usássemos isso como exemplo, aposto que essa escumalha começava a pensar duas vezes antes de roubar. No tempo do Salazar não havia a corrupção e a falta de valores que há hoje em dia”, escreveu, apelando ao voto no partido da extrema-direita parlamentar para “correr” com “assassinos e corruptos”.



Na publicação, que contou com mais de uma centena de reações (gostos, comentários e partilhas), o autor realizou uma fotomontagem onde se coloca ao lado do líder do partido, André Ventura, mas não é conhecida qualquer ligação entre ambos.
A polícia especifica que os factos em investigação reportam ao dia 08 de janeiro de 2020, quando a vítima (Fernando Conde) foi atraída às imediações da praia fluvial de Briteiros, nas Caldas das Taipas, onde foi agredida e atirada ao rio Ave, vindo o seu corpo a ser detetado, no dia 22 de janeiro, passados 14 dias, no canal fluvial do Parque da Ínsua, em S. Cláudio de Barco – Guimarães.

As buscas e as detenções decorreram sob a supervisão do juiz de instrução criminal de Guimarães, Pedro Miguel Vieira, tendo a operação decorrido a cargo de operacionais da Secção Regional de Combate ao Terrorismo e Banditismo, uma subunidade da Diretoria do Norte da Polícia Judiciária, que é especializada neste tipo de criminalidade altamente violenta, sendo dirigida pelo coordenador de investigação criminal Manuel Santos.