Festivais Gil Vicente regressam a Guimarães com estreias, oficinas e debates

De 05 a 14 de junho
“Corre, bebé”, de Ary Zara com Gaya de Medeiros. Foto: DR

As estreias de “Se não for tu”, de Era Rolim, e “Corre, bebé”, de Ary Zara com Gaya de Medeiros, assinalam o arranque da 37.ª edição dos Festivais Gil Vicente, que decorre em Guimarães, de 05 a 14 de junho.

Os Festivais Gil Vicente vão voltar a ocupar vários espaços da cidade de Guimarães, afirmando-se como um espaço de renovação teatral e de revelação de novos talentos em Portugal, anunciou a organização do evento, que está a cargo d’A Oficina, do Município de Guimarães e do Círculo de Arte e Recreio.

Os festivais arrancam no dia 05 de junho com a estreia absoluta de “Se Não For Tu”, de Era Rolim, resultante da atribuição da bolsa de criação atribuída pelo Projeto CASA.

De acordo com a organização, trata-se de uma obra “coreocinematográfica”, a transitar entre o teatro e o cinema, que acompanha Sueli, uma mulher marcada pela perda trágica dos pais num acidente de carro, que a deixou com a obsessão de descobrir o que aconteceu nos 30 segundos que antecederam a fatalidade.

Na sua busca por respostas, Sueli dorme e mergulha em universos surreais, onde os seus dilemas éticos e psíquicos são desafiados a cada passo.

Para o segundo dia, está prevista outra estreia absoluta, “Corre, bebé!”, de Ary Zara e Gaya de Medeiros, resultante da bolsa de criação Amélia Rey Colaço, um espetáculo que se apresenta como um conjunto de reflexões sobre os conflitos e desejos da parentalidade.

Nesta trama, ambientada num cenário pós-apocalíptico, um casal de pessoas trans equaciona a possibilidade de gerar bebés nesse contexto, abordando expectativas, problemas conjunturais e inseguranças que podem resultar do desenvolvimento de uma nova pessoa num futuro incerto.

No final da sessão, o público terá a oportunidade de se juntar aos artistas numa conversa informal.

Na programação destes Festivais Gil Vicente, segue-se, no dia 07 de junho, o espetáculo de Pedro Gil “Enciclopédia da vida sexual”, uma “peça de artesanato cómica”, em que a protagonista se apaixona de morte por um monogâmico convicto e, com receio de o perder, omite-lhe que é poliamorosa.

A apresentação desta peça conta igualmente com uma conversa pós-espetáculo com o criador Pedro Gil, sendo o público convidado a participar.

Ainda nesse sábado, antes da apresentação do espetáculo, está prevista uma oficina de dramaturgia, “A minha primeira autoficção”, dirigida a maiores de 18 anos.

Segue-se um debate subordinado ao tema “Depois do canudo, a carreira por um canudo?”, com a participação de Siobhan Fernandes, Rita Morais, Rita Fernandes, Eduardo Nunes, com moderação do jornalista da agência Lusa Simão Freitas, que vai abordar a situação de centenas de recém-licenciados na área do Teatro e das Artes Performativas que “todos os anos entram para uma nova espécie de purgatório: os telefonemas que não chegam, os castings que não aparecem, as candidaturas que não resultam”.

A tarde de domingo abre-se a uma ‘masterclass’ de interpretação, intitulada “Lições de Teatro”, e na quinta-feira, dia 12, regressam os espetáculos, com a apresentação de “Matriarca ‘74”, da autoria de Pedro Nunes, uma peça que é uma conversa entre uma avó e um neto, sobre o poder revolucionário da voz, da escuta e do silêncio, sobre o feminismo, um Abril por cumprir e os medos do amanhã.

Na sexta-feira, sobe a palco “Viagem a Lisboa”, de Rita Morais e Joana Cotrim, um espetáculo-concerto, a partir de um texto original de Isabela Figueiredo em diálogo com o álbum “Diz À Mãe Que Está Tudo Bem”, do músico Silk Nobre, seguido de uma conversa do público com as artistas.

Para encerrar o certame, está prevista, no dia 14, a apresentação de “Ricardo III”, de Marco Paiva, que transforma o assassinato de Ricardo III na possibilidade de renascimento de um teatro mais diverso, atento e dialogante com outras linguagens e línguas, numa abordagem inclusiva e sensível ao universo de Shakespeare, segundo os organizadores.

Antes desta apresentação, os organizadores promovem outro debate, intitulado “Teatro Português, quo vadis?”, com Mafalda Banquart, Guilherme Gomes, Inês Barahona e moderação de Simão Freitas.

Durante o festival, estará também ativo o “Hipertexto”, que coloca 12 artistas do panorama teatral português a dialogar entre si, em formato de uma imaginada correspondência por escrito, a partir de um espetáculo que aqui tenham presenciado.

Todos os espetáculos decorrem às 21:30, com bilhetes entre 5 e 10 euros disponíveis ‘online’ e em vários pontos de venda na cidade, enquanto as atividades paralelas são de entrada gratuita, mediante inscrição prévia.

As atividades dos festivais vão distribuir-se pelos auditórios, ‘foyers’ e sala de ensaios do Centro Cultural Vila Flor, Centro Internacional das Artes José de Guimarães e salão nobre do Teatro Jordão.

 
Total
0
Shares
Artigos Relacionados