O Sindicato dos Trabalhadores da Administração Local (STAL) colocou junto à Câmara de Viana do Castelo vários cartaz em que denuncia o assédio laboral e moral no corpo dos Bombeiros Sapadores por parte do seu comandante, António Cruz.
Nos cartazes podem ler-se “excertos de ofícios que o STAL, ao longo dos anos”, enviou ao presidente da Câmara, José Maria Costa a “denunciar as situações e que foram sistematicamente ignorados”, explica a O MINHO a coordenadora do sindicato, Ludovina Sousa.
A ação surge como resposta às declarações do presidente da Câmara de Viana que afirmou desconhecer as acusações de que era alvo o comandante dos Sapadores e que o sindicato pretendia desestabilizar o corpo de bombeiros.


“O presidente da Câmara fez declarações que o Sindicato pretende desestabilizar os bombeiros e que as nossas declarações não correspondem à realidade e temos que, de alguma forma, responder a isso. Não podemos admitir que o sr. presidente diga que não sabia, que não tinha conhecimento e que o STAL quer desestabilizar, isso é falso”, realça a sindicalista.
Ludovina Sousa considera que “é muito injusto e falso dizer que o sindicato quer desestabilizar os bombeiros”, uma vez que o STAL sempre procurou “levar as coisas a bom porto, alertando o presidente”.
Avisos que não tiveram eco por parte da autarquia. “Tenho a dizer, em abono da verdade, que no último ano o sr. vereador dos recursos humanos, dr. Ricardo Rego, teve sempre uma posição de colaboração no sentido de resolver os problemas, mas não depende só dele”, destaca a sindicalista.


Comandante tem “posições excessivas”
Ludovina Sousa afirma que António Cruz “tem posições excessivas” e se, logo que o sindicato começou a alertar o presidente da Câmara sobre o assunto, este tivesse tido “uma conversa com o sr. comandante a fazer-lhe entender que há uma forma de estar enquanto chefia”, as coisas não teriam chegado a este ponto.
“Chegou aos limites do intolerável”, afirma, fazendo notar que “ninguém quer a exoneração do sr. comandante, mas há regras e há lei, que é uma coisa que o sr. comandante desconhece”, salienta Ludovina Sousa.
“Chegou a um ponto de não se poder mais”, defende a sindicalista, salientando que a decisão de avançar com um processo judicial não foi tomada de “ânimo leve”, até porque este deverá demorar vários anos, durante os quais “os trabalhadores vão ser agora alvo de vingança por parte do comandante”.
“Retém pedidos de férias”
Das “posições excessivas”, Ludovina Sousa dá o exemplo da retenção de pedidos de acumulação de funções ou de férias. “Não é da competência dele. Ele só tem que avaliar se colide ou não com o serviço. Mas ele retém o pedido, seja de férias ou de gozo de uns dias de compensação, o sr. comandante só tem que dizer se, operacionalmente, é possível ou não, e o sr. comandante produz profusas informações pseudo-jurídicas e na Câmara nunca lhe disseram que tem que se limitar a pronunciar-se sobre o que é da sua área, a área operacional. Nunca ninguém o fez”, critica a coordenadora do STAL.


Ludovina Sousa afirma ainda que, há cerca de três anos, a autarquia “teve que pagar as férias a triplicar e ainda deixá-lo gozar as férias, porque o sr. comandante obstou ao gozo das férias”. Esta situação, acrescenta, foi alertada à Câmara pelo próprio trabalhador, pelo sindicato e, “se não se resolveu de outra forma foi porque o sr. presidente não quis”.
STAL avança com processo
Como O MINHO noticiou, no final de março, o STAL anunciou uma ação judicial contra o comandante dos Bombeiros Sapadores de Viana do Castelo, por “práticas que consubstanciam verdadeiros atos de discriminação e assédio moral e laboral”.
Na reação, o presidente da Câmara de Viana do Castelo disse que, “face à gravidade” daquela denúncia, ia participar o caso ao Ministério Público.
“Entendendo o município que tais afirmações não correspondendo à verdade, podem consubstanciar um crime de difamação, pondo em causa o bom nome do município de Viana do Castelo e da companhia dos Bombeiros Sapadores”, justificou José Maria Costa numa nota hoje enviada à agência Lusa.


José Maria Costa disse, também, “manter toda a confiança” no comandante dos Bombeiros Sapadores.
“Não temos tido nenhuma razão de queixa, até ao momento, na forma e organização da corporação. Sabemos que há sempre uma ou outra reclamação, que é natural do ponto de vista sindical, a que temos procurado dar acolhimento. Mantenho a confiança no Comandante António Cruz. Não tenho razão para o contrário”, frisou, na ocasião.
Contactado pela Lusa, o comandante dos Sapadores, António Cruz, não reagiu às acusações do STAL.