Um sexagenário queixa-se de ter sido agredido por uma patrulha da GNR de Vila Verde, que – alega – obrigou-o a ser tratado, com algemas, na Urgência do Hospital de Braga, e também de furto de material guardado na carrinha, apreendida pelos dois GNR. Em resposta enviada a O MINHO, a GNR refuta as acusações e afirma que o homem, intercetado no âmbito de uma fiscalização de trânsito quando conduzia a falar ao telemóvel, foi detido por desobedecer e tentar agredir os militares.
Manuel da Costa, de 61 anos, residente em Guimarães, participou ao Ministério Público, em Vila Verde, que a meio da tarde do dia 31 de agosto de 2021, foi mandado parar pela patrulha da GNR, no centro daquela vila, para submeter-se a teste de alcoolemia, só que tudo se terá precipitado, a partir do momento em que o automobilista terá pedido “calma”.
Segundo a versão do queixoso, ao aperceber-se que um dos dois guardas aparentava, alegadamente, estar “muito nervoso”, pediu ao militar da GNR para “ter mais calma”, ao que este terá ripostado, empurrando-o, enquanto outro lhe fez uma rasteira, atirando-o ao chão.
Ao bater com a cabeça no empedrado, Manuel da Costa começou a sangrar com bastante abundância. A patrulha da GNR chamou, então, o INEM e homem teve que receber tratamento no Hospital de Braga.
Durante o incidente, e ainda de acordo com a versão do sexagenário, este foi igualmente alvo de sucessivos pontapés na perna e coxa direitas, quando ainda não havia ali testemunhas oculares, até chegar uma mulher, tentando dar-lhe água, o que os guardas terão impedido.
Entretanto, ainda dentro do Serviço de Urgência do Hospital de Braga, os guardas terão obrigado numa primeira fase o ferido a ser tratado com algemas, mas um dos profissionais impôs-se para as retirar, até porque um dos exames teria resultados falíveis, caso fosse realizado num corpo humano e com materiais metálicos, como são as algemas.
Guardas da GNR com outra versão
Os dois guardas da GNR de Vila Verde, António Raro e Jorge Vieira, apresentaram uma versão oposta à do sexagenário, referindo, num auto de notícia em que se anteciparam no processo, terem sido alvo de desobediência, injúrias e ameaças.
A patrulha da GNR de Vila Verde diz na sua participação, à qual O MINHO teve acesso, que o automobilista, Manuel da Costa, terá negado submeter-se ao teste de alcoolemia, por achar não ter de o fazer, nem com o aparelho da GNR, nem eventualmente no hospital.
Ambos referem no auto de notícia, que à partida faz fé pública, terem sido insultados pelo automobilista, o que este nega, estando à procura de testemunhas do incidente. Ainda não conseguiu, porque – alega – estas têm medo de dar a cara.
GNR refuta acusação e diz que sexagenário tentou agredir agentes
Questionada por O MINHO, a GNR afirma não ter “registo de qualquer queixa contra militares que se possa enquadrar no descrito”, mas que “há no entanto registo da detenção de um homem de 60 anos por resistência e coação sobre funcionário e pelo crime de desobediência”.
A GNR afirma que, “no âmbito do patrulhamento rodoviário, o visado conduzia veículo fazendo uso do telemóvel durante a condução e, no momento da fiscalização, manteve uma postura não cooperante para com os militares, tendo a abordagem culminado na sua detenção por tentativa de agressão a agente da autoridade e por desobediência”.