Não foi amor à primeira vista. Rui Lemos, fotógrafo de natureza, começou a fotografar répteis por todo o concelho de Barcelos há 12 anos, mas no início tinha “fobia”. Agora, os répteis já se tornaram uma paixão e orgulha-se de ter registado cinco espécies de cobras no concelho de Barcelos, assim como quatro lagartos.
“As primeiras fotos que tirei a uma cobra tremia tanto que não consegui uma única foto focada”, conta o fotógrafo a O MINHO.
Foi assim que tudo começou, há cerca de 12 anos. Depois, foi conhecendo cada espécie de répteis que existem no país e começou um “trabalho”, que já leva alguns anos, na “defesa destes animais mal amados, cheios de mitos e crenças associadas”.
Através da fotografia tenta mostrar a “beleza destes animais”, mas também realiza “saídas de campo” onde dá a conhecer estes animais e tenta que as pessoas “percam o medo”.
As incursões começaram no concelho de Barcelos. “Nestes 12 anos de fotografia de répteis consegui registar 11 espécies no meu concelho, cinco cobras e quatro lagartos”, refere.
No seu espólio guarda várias espécies que, apesar de inofensivas, são sempre espetaculares. As imagens foram captadas entre o Monte da Franqueira, Perelhal, Vilar do Monte, mas também em freguesias mais urbanas como Arcozelo ou a zona histórica da cidade.
“Tenho muitas pessoas que me perguntam se as fotos que tiro são mesmo no nosso país”
Rui Lemos começou a aliar o gosto da fotografia à “paixão” pela vida selvagem há mais de 20 anos. “No início comecei por fotografar aves, mas a paixão que tinha por animais levou me a fotografar todo o tipo de animais selvagens, desde insetos, mamíferos, anfíbios e, por último, répteis”, explica.
Não tem dúvida que este tipo de fotografia que faz pode ser “uma ferramenta importantíssima para a divulgação e preservação das espécies”.
“A população em geral não conhece a vida selvagem existente em Portugal e com a fotografia podemos chegar até a essa população. Tenho muitas pessoas que me perguntam se as fotos que tiro são mesmo no nosso país”, conta.
Apesar de a esmagadora maioria das cobras existente em Portugal serem inofensivas, há duas víboras que venenosas, embora a mordedura não seja letal – Cornuda (Vipera latastei) e a de Seoane (Vipera seoanei). Estão ambas presentes no Norte de Portugal e Rui já esteve de caras com elas para as fotografar.
“Foram momentos únicos, talvez pela adrenalina de estar a fotografar espécies venenosas, mas, ao mesmo tempo, são animais muito calmos”, explica.