Risco de cair não afasta mais ousados das Cascatas do Arado em Terras de Bouro

Água muito baixa leva muitos a arriscar os poços nas alturas
Foto: Joaquim Gomes / O MINHO

O risco de cair, numa zona onde até já houve quedas mortais, não tem afastado os mais ousados dos pontos mais elevados das Cascatas do Arado, em Terras de Bouro, que é onde há mais água, numa época do ano em que o rio do Arado tem sempre o seu caudal mais baixo.

Este ano, o triângulo de cascatas geresianas Tahiti-Arado-Homem, continua com uma grande sobrecarga de veraneantes, mais aos fins se semana, mas também nos dias úteis estes espaços frescos e de águas límpidas costumam encher durante todo o dia.

Com as Cascatas do Tahiti (de seu nome verdadeiro Cascatas de Várzeas, em Fecha de Barjas), nas ‘bocas do mundo’, por causa das anunciadas obras de reformulação, que já deveriam ter começado há duas semanas, há quem procure outras, em alternativa.

Mas se nem assim as Cascatas do Tahiti deixaram nos últimos dias de registar uma grande afluência, assim como as Cascatas do rio Homem, as Cascatas do Arado estão todos os dias a abarrotar, pois permite-se levar os carros quase até ao leito do rio.

 Leito muito baixo agrava riscos

Durante este mês de agosto, o que, aliás, não é fora do comum, o leito do rio do Arado está muito baixo, escasseando assim as poças com água quanto baste, levando a ser mais difícil encontrar tão facilmente água para todos, mas também agrava o perigo.

À medida em que em ambos os lados da Ponte do Arado falta água em abundância, a tendência dos muitos veraneantes é ir o mais possível a norte da penedia banhada pelo rio que nasce no alto da Serra do Gerês, onde vai havendo pouco mais de água.

Se a maioria se contenta com a pouca água no fundo das cascatas, também há aqueles que sobem até ao Miradouro das Cascatas do Arado, por aí seguindo, à direita, por um caminho íngreme, conduzindo a algumas lagoas, já a caminho do Vale da Teixeira.

Mas os mais ousados optam por, também ascendendo ao alto do Miradouro das Cascatas do Arado, descerem pela esquerda, a pique, apesar do gradeamento, alcançando mais rapidamente os pontos com mais água sem terem de calcorrear muitas pedras.

Mas o maior perigo espreita para aqueles que fazendo este último percurso, atravessam para o outro lado, no fundo das cascatas, passando a subir o caminho dominado por penedos de encosta muito acentuada e daí até à zona mais alta dos chamados poços.

É ali que há mais água e os chamados poços acabam por ser piscinas naturais, arredondadas, havendo mesmo quem se atire do alto da penedia escorregadia, em mergulhos, para as águas frescas do rio Arado, já a dezenas de metros do fundo das cascatas.

Os mais atrevidos não resistem a tirar selfies e a fazerem vídeos, também com os telemóveis, muitas vezes partilhando-os dali mesmo, a dezenas de metros de altura, quando a rede das comunicações móveis o permite, porque há ali zonas incomunicáveis.

Porque a Ponte do Arado também permite, por estradões e caminhos de pé-posto que se seguem, o acesso ao conhecido Poço Azul, embora os oito quilómetros demorem cerca de duas horas a percorrer, o fluxo de veículos é constante na zona do Arado.

Foto: Joaquim Gomes / O MINHO

Vigilantes da Natureza muito atentos

Os Vigilantes da Natureza do Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF) destacados no Parque Nacional da Peneda-Gerês, apesar de não serem agentes da autoridade, são os mais proativos na vigilância e no aconselhamento aos turistas.

Até mesmo os Sapadores Florestais de Terras de Bouro e os Bombeiros Voluntários de Terras de Bouro, que têm veículos ali avançados por questões de prevenção, acabam por constituir também um fator dissuasor, pela presença permanente no terreno.

Foto: Joaquim Gomes / O MINHO

A vigilância policial ali cabe aos militares do Posto de Busca e Resgate em Montanha, da Unidade de Emergência de Proteção e Socorro (UEPS) da GNR, porque são a única entidade simultaneamente agente de proteção civil e órgão de polícia criminal.

 
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