O troço internacional do rio Minho foi repovoado, nos últimos 22 anos, com quase 700 mil salmões juvenis em ações conjuntas da Junta da Galiza e do Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF), foi hoje divulgado.
Contactado pela agência Lusa, a propósito de mais uma ação conjunta de repovoamento que vai decorrer, na terça-feira, com seis mil exemplares juvenis de salmão, no troço internacional do rio Minho, entre Valença e Tui, o chefe da Unidade de Conservação da Natureza da Junta de Galiza, Pablo Caballero Javierre, explicou que nos afluentes do rio Minho, do lado espanhol, o repovoamento de salmão e outras espécies migradoras começou em 2000.
“Desde que iniciámos, em Espanha, e depois com Portugal, estas ações de repovoamento, já foram libertados no rio Minho, entre 2000 e 2021, quase 700 mil juvenis”, frisou Pablo Caballero Javierre, que integra a Unidade de Conservação da Natureza há 17 anos, os últimos oito como chefe do serviço.
A partir de 2017, o repovoamento foi alargado aos afluentes portugueses, ao abrigo do Migra Minho/Miño, liderado pela Direção-Geral do Património Natural (DXPN), da Junta da Galiza, desenvolvido no âmbito do Programa de Cooperação INTERREG VA Espanha-Portugal (POCTEP) 2014-2020 e cofinanciado pelo Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional (FEDER).
O projeto, que do lado português tem como parceiro o Instituto da Conservação da Natureza e Florestas (ICNF) e a participação de várias entidades dos dois lados do rio internacional, terminou em 2021, num investimento de 2,2 milhões de euros.
“Entre 2017 e 2020, período abrangido pelo Migra Minho/Miño foram libertados 140 mil salmões juvenis. Em 2021, ano que já não estava abrangido pelo programa de cooperação foram libertados mais 32 mil exemplares daquela espécie. Estamos a falar, no total, de 164 mil salmões juvenis” especificou.
Segundo o chefe da Unidade de Conservação da Natureza da Junta de Galiza, Pablo Caballero Javierre, ainda este ano, possivelmente no outono, será apresentada nova candidatura para dar continuidade à proteção e a gestão sustentável do espaço natural de fronteira que forma a sub-bacia internacional do rio Minho.
Sub-bacia que inclui os seus afluentes, através de uma melhoria das condições do ‘habitat’ fluvial e de medidas que melhorem o estado de conservação das populações de peixes migradores presentes no curso de água”.
A criação artificial do salmão, de enguias e de outras espécies migradoras foi a solução encontrada pelos especialistas para ultrapassar o impacto da barragem de Frieira, um complexo hidrelétrico localizado em Espanha, a cerca de 250 metros a montante do ponto onde as águas do Rio Minho tocam pela primeira vez Portugal, em Cevide, em Melgaço, no distrito de Viana do Castelo, na foz do Rio Trancoso.
“A reprodução da espécie é dificultada pelo complexo hidroelétrico e, por esse facto, são capturados para se reproduzirem artificialmente. O objetivo é reforçar a população natural de salmão do Atlântico no curso internacional do rio Minho porque, a jusante da barragem, não encontram as condições ideias para se reproduzirem”, explicou.
Os “reprodutores são capturados, causando o menor dano possível e são transportados num camião próprio (…) até a uns viveiros situados em Carballedo”, próximo da província Pontevedra, onde são “criados até atingirem um determinado tamanho e libertados para aumentar a produção de ovos”.
“É um reforço ao que faz a natureza. Um tratamento paliativo face ao impacto das centrais hidrelétricas”, especificou o responsável que se dedica às espécies migratórias há 34 anos.
Na terça-feira, entre as 11:00 e as 12:00, vai decorrer no troço internacional do rio Minho, entre Valença e Tui, mais um repovoamento de salmões.
A iniciativa vai contar com a participação da Autoridade Marítima Nacional, da Armada Espanhola e de cerca de 30 crianças, entre os 9 e os 10 anos, dos concelhos de Valença e de Tui.
A libertação dos seis mil salmões ocorrerá nas instalações náuticas da Comandância Naval galega, em Tui.
As ações de repovoamento com salmonídeos e outras espécies no Troço Internacional do Rio Minho representam uma das competências da Comissão Permanente Internacional do Rio Minho (CPIRM), previstas no regulamento da pesca naquele troço e da qual fazem parte, entre outras, as entidades portuguesas e espanholas com competência em matéria de repovoamento, nomeadamente o ICNF e a Direção-Geral de Conservação da Natureza da Junta da Galiza.