O presidente do PSD, Rui Rio, defendeu hoje que, dentro de um ano, o partido estará em condições de “disputar taco a taco” as legislativas com o PS, mas admitiu que neste momento “não está”.
“Acho que o PSD tem fortes hipóteses de, daqui a um ano se bater taco a taco com o PS. Neste momento não está”, afirmou Rui Rio em entrevista à RTP.
Apesar de não dar credibilidade à maioria das sondagens – que dão o PSD a pelo menos dez pontos percentuais do PS –, o presidente social-democrata reconheceu que também conclui que o partido “está longe neste momento” de poder vencer.
“Mas, daqui por um ano, com o caminho que quero seguir, face às fragilidades que o Governo vai apontando, não tenha dúvida de que o PSD pode discutir taco a taco as eleições, pode ganhar ou pode perder”, afirmou.
Para tal, Rio disse precisar que “o PSD queira ganhar”: “Não basta eu querer, os militantes quererem, é preciso também que aqueles que vão provocando ruído, e não deixando passar ou até deturpando a imagem, assumam as responsabilidades”.
Questionado se tal significa um apelo aos críticos para saírem do PSD, Rio respondeu negativamente.
“Não, colaborem ou então se não quiserem colaborar, estar calados, mas com a permanente turbulência estão a fazer jogo do PS”, criticou, recusando alongar-se mais sobre questões internas.
Sobre se admite, após as legislativas do próximo ano, um Governo de coligação com Assunção Cristas e Santana Lopes, o líder do PSD fez questão de distinguir os dois.
“O CDS tem sido um parceiro natural, até quando fui presidente da Câmara do Porto (…) Ainda não sei o que é o partido do doutor Santana Lopes”, afirmou, dizendo ser necessário ver que “xadrez parlamentar” resulta das próximas legislativas.
Sobre o caso do furto de Tancos, Rui Rio reafirmou o que disse hoje à tarde à Lusa, defendendo que, “a ser verdade” que o ministro da Defesa sabia do encobrimento no aparecimento de material militar “não tem condições para continuar”, até porque terá “ocultado do primeiro-ministro” esta informação durante nove meses.
O líder do PSD disse ainda ter dificuldades em acreditar que o Chefe do Estado-Maior do Exército “não tinha conhecimento de nada” e justificou que o PSD não tenha pedido uma comissão de inquérito ao caso – como fez o CDS-PP – por “uma questão de estilo”.
“Não sai uma notícia num jornal e eu faço um foguetório, o meu estilo é mais estruturado”, disse, negando ter tido acesso a informações diretas da investigação, depois de ter sugerido no início de setembro que sabia mais do que aquilo que dizia sobre este caso.
Sobre o diferendo entre o Governo e os professores, Rui Rio voltou a dar razão aos docentes – “quem tem razão são os professores, ponto” –, por considerar que o executivo do PS fez promessas a esta classe profissional que não podia cumprir.
Contudo, questionado se as exigências dos professores são exequíveis, Rio recusou comprometer-se, dizendo que os valores apontados pelo Governo e sindicatos para custear a recuperação total do tempo de serviço oscilam entre os 600 e os 200 milhões de euros.
“Eu não tenho o ministro das Finanças para saber as contas direitinho”, disse, admitindo que uma negociação deveria incluir também as reformas antecipadas.
Sobre o prometido aumento aos funcionários públicos, Rio admitiu que “dar mais a quem tem menos é o que faz mais sentido”, mas apelou a uma revisão global das carreiras para resolver o problema dos salários baixos no topo da carreira da administração pública.
A propósito da não recondução da atual Procuradora-Geral da República, Rui Rio não se quis associar às desconfianças quanto a este processo expressas por dois ex-líderes do PSD, Pedro Passos Coelho e Cavaco Silva.
“Se se juntaram diversos interesses para evitar que a dra. Joana Marques Vidal continuasse? Não, não quero acreditar nisso”, afirmou, voltando a defender que “se o Governo quisesse continuar no mesmo caminho, então fazia todo o sentido reconduzir” a ainda PGR.
Numa entrevista que começou com uma breve conversa com Rio na sede do PSD-Porto – a partir de onde trabalha alguns dias da semana -, o líder do PSD voltou a apontar como a sua principal diferença em relação aos líderes dos outros partidos “a forma de fazer política”, dizendo colocar sempre à frente os interesses de Portugal, até antes dos do partido.
“Depois, estou apostado em dialogar com todos, não só com o PS, em nome das reformas estruturais que Portugal precisa de fazer”, disse, considerando ser seu “dever patriótico” não ficar “enquistado num canto a dizer mal dos outros”.