O registo vídeo e fotográfico de festas, romarias, usos e costumes de Viana do Castelo, que integrará o acervo do Museu do Traje, estará concluído em setembro, para preservar a “identidade” do concelho.
“O levantamento começou a ser feito, em 2016, no âmbito de um projeto lançado pela Câmara de Viana do Castelo e estará concluído em setembro. São mais de 400 horas de imagens recolhidas e cerca de 4.000 fotografias de 37 das festas mais emblemáticas do concelho. Depois de tratado, este material será disponibilizado aos visitantes do Museu do Traje”, disse hoje à agência Lusa, o coordenador do projeto municipal, Flávio Cruz.
O realizador, natural de Viana do Castelo, que falava à Lusa a propósito da inauguração, hoje da exposição “Romaria – Traje”, nos antigos Paços do Concelho, na Praça da República, explicou que “face a grande quantidade de festas e romarias existentes no concelho, o projeto inclui o levantamento, em vídeo e fotografia, de uma festa por freguesia do concelho”.
Em 2013, a reforma da reorganização administrativa territorial autárquica implicou, em Viana do Castelo, capital do Alto Minho, a redução de 40 para 27 freguesias.
No concelho, realizam-se cerca de 70 festas e romarias, sendo a principal a Romaria da Senhora d’Agonia.
O ciclo festivo de Viana do Castelo começa em maio com festas associadas à flor nas freguesias de Vila Mou, Vila Franca e Alvarães e termina com a romaria de São Silvestre, em Cardielos, nos dias 30 e 31 de dezembro.
A exposição de fotografia hoje inaugurada no primeiro andar dos antigos Paços do Concelho, inclui trabalhos de António Pedrosa, Gonçalo Delgado, Humberto Barbosa, João Silva e Luís Vilaça.
Trata-se da segunda mostra integrada no projeto municipal, que inclui ainda trabalhos dos fotógrafos Nuno Sampaio e Luís Lagadouro.
Em maio decorreu a exposição “Romaria-Flor”, dedicada as festas e romarias dedicadas às flores. Até final do ano acontecerá uma última exposição “Romaria-Divino”, dedicada à componente religiosa das festas.
“O objetivo é fazer permanecer no nosso quotidiano a cultura do povo vianense. Estas três apresentações permitem através da fotografia, do vídeo e da sonoplastia, identificar costumes e tradições que fazem parte da história de cada lugar. Cada freguesia tem a sua ou suas romarias, cada pessoa entrega-se pela religião, mas também pela oportunidade de partilha e de comemoração do lugar que lhe é comum, do território de que faz parte”, referiu Flávio Cruz.
O cineasta assina o documentário “Herança”, que também integra o projeto lançado pela Câmara de Viana do Castelo, que estreou em 2017 e foi premiado, o ano passado, no Festival ART&TUR, International Tourism Film, que decorreu em Leiria, como o melhor documentário internacional na categoria “Etnografia e Sociedade”.
Além da recolha de imagens, o trabalho integra também o registo áudio e a criação de uma biblioteca de sons e o acompanhamento da inserção dos vídeos e áudio no Museu do Traje.
Em 2016, aquando do trabalho do projeto, o presidente da Câmara de Viana do Castelo, José Maria Costa explicou que intenção da Câmara passa por dotar o Museu do Traje “de meios tecnológicos que permitam ao visitante aceder a esse material”, preservando “a memória e a identidade” do concelho e “valorizando o trabalho das comissões de festas que durante um ano dão tudo de si para manter viva a tradição”.
Situado na Praça da República, Museu do Traje está instalado num edifício construído entre 1954 e 1958, com características arquitetónicas do Estado Novo, onde funcionou até 1996 a delegação local do Banco de Portugal.
O espaço foi criado em 1997, assumindo a missão de estudar e divulgar a identidade e o património etnográfico do concelho.