A chamada Quadrilha do Vale do Ave, alegadamente liderada pelos Irmãos Clara, será julgada por dezenas de assaltos, cometidos em Barcelos, Famalicão, Guimarães, Santo Tirso, Trofa, Gondomar, São João da Madeira e Faro, integrando 18 suspeitos, dos quais três encontram-se já em prisão preventiva e quatro com obrigação de permanência na habitação.
O processo foi desenvolvido pelo Núcleo de Investigação Criminal (NIC) do Destacamento Territorial de Santo Tirso da GNR, que ao longo de meses consecutivos realizou vigilâncias e seguimentos, escutas e gravações telefónicas, tendo desmantelado um grupo cujos furtos em vivendas, fábricas e estabelecimentos comerciais causava grande alarme social.
Segundo apurou O MINHO, o código telefónico de avanço para os assaltos seria “ir ao metal”, tendo a Secção de Crime Violento do Ministério Público na Região do Norte, sediada no Porto, considerado no seu despacho de acusação que o grupo suspeito terá causado prejuízos de dezenas de milhar de euros a cerca de 30 lesados, entre particulares e empresas.
Os arguidos são genericamente acusados dos crimes de roubo agravado, furto qualificado, detenção de armas proibidas e recetação de artigos furtados, durante cerca de um ano e meio, entre dezembro de 2020 e maio de 2022, tendo um dos golpes sido o assalto à mão armada a uma funcionária do “Intermarché” de Vila das Aves, roubando-lhe três mil euros.
De acordo com aquilo que se apurou durante as investigações criminais do NIC da GNR de Santo Tirso, na noite de 9 de novembro de 2021, uma funcionária das bombas de abastecimento de combustíveis do “Intermarché” da Vila das Aves, quando transportava o apuro do turno de trabalho, foi vítima de emboscada e tendo-lhe roubando três mil euros.
O Departamento de Investigação e Ação Penal (DIAP) Regional do Norte do Ministério Público imputa ao grupo uma série de roubos e furtos, de artigos valiosos, preferencialmente “facilmente transportáveis e transacionáveis”, incluindo armazéns e um estaleiro de apoio às obras de melhoria do Apeadeiro de Tamel, na localidade de Aborim, em Barcelos.
Em Vila Nova de Famalicão terão realizado outros furtos, estendendo os seus assaltos à Área Metropolitana do Porto, ao Douro (Baião) e à Região Centro, tendo-se deslocado ainda a Faro, para furtarem catalisadores, segundo a acusação do Ministério Público, que solicitou o julgamento dos 18 arguidos, a maioria dos quais com idades entre 20 e 30 anos.
Os presos preventivos são dois dos três Irmãos Clara, Joni e Nuno (“Xino”), estando o terceiro em liberdade provisória, Jorge, o “Laracol”, de Famalicão e Guimarães, mais Armando Costa, de Santo Tirso, estando em prisão domiciliária Hugo Afonso, de Braga, José Fagundes, de Joane, Ezequiel Soares, de Santo Tirso, e Adriano Ribeiro, de Ermesinde.