O primeiro dos três dias de trabalhos do 38.º Congresso do PSD terminou às 00:45 de hoje, em Viana do Castelo, cerca de três horas após ter começado.
Além da intervenção inicial do presidente do partido reeleito nas diretas de janeiro, Rui Rio, para apresentar a sua moção de estratégia global, intitulada “Portugal ao Centro”, e dos discursos de boas-vindas dos líderes da distrital e da concelhia de Viana do Castelo, foram apresentadas as 13 propostas temáticas.
O presidente da Mesa do Congresso, Paulo Mota Pinto, deu por encerrados os trabalhos às 00:45 e marcou o reinício para as 10:00 para debater a moção de estratégia global e as propostas temáticas.
Rio prometeu combate aos abusos e escolha de candidatos autárquicos competentes
Rui Rio afirmou que a escolha dos candidatos autárquicos obedecerá a critérios de competência e não de fação partidária, num discurso em que prometeu ser inflexível contra abusos e clientelismo no Poder Local.
Estas posições foram transmitidas por Rui Rio no discurso de abertura, durante a qual defendeu a descentralização e desconcentração – responsabilizando mesmo a administração Central pela esmagadora maioria da dívida contraída pelo país – e definiu objetivos partidários para as eleições autárquicas de 2021.
“A escolha de um autarca não é a escolha de um amigo nem a do líder de uma qualquer fação partidária. Ela tem de ser ditada com base em critérios de competências, dedicação e de credibilidade. Temos, em 2021, de recuperar o terreno perdido em 2013 e em 2017. Recuperar presidências de câmara, mas também de vereadores e eleitos de freguesia”, considerou.
Em termos de fasquia eleitoral, Rui Rio adiantou que, nas autarquias em que o PSD não vencer, deve eleger um número de vereadores consentâneo com a dimensão histórica do partido, “ultrapassando os fracos resultados obtidos nos dois últimos atos eleitorais, designadamente nos concelhos mais populosos do país”.
“Temos de aumentar, de uma forma muito significativa, o número de votos nas listas do PSD, mesmo quando estes não sejam suficientes para eleger os nossos candidatos ao lugar cimeiro”, reforçou.
Na sua intervenção, o líder social-democrata abordou também a questão da corrupção, deixando aqui um aviso: “Sempre que houver aproveitamento abusivo de meios públicos autárquicos para fins de natureza pessoal ou partidária, ou da utilização da autarquia como empregador de clientelas partidárias, esses casos têm de merecer o nosso inteiro repúdio e uma atenção especial do próprio Ministério Público – independentemente do partido a que pertencer o presidente da autarquia em causa”, frisou Rui Rio, recebendo palmas dos delgados sociais-democratas.
Montenegro só para “ouvir” intervenções
o candidato derrotado nas diretas do PSD, Luís Montenegro, disse à chegada, cerca das 21:10, que vinha “ouvir” as “intervenções iniciais”, participando “como delegado”.
Questionado pelos inúmeros jornalistas que o rodeavam, o social-democrata escusou-se a fazer mais declarações, desejando apenas um “bom congresso” a todos os participantes.
“Um bom trabalho para todos. Um bom congresso para todos”, referiu.
O congresso arrancou pelas 21:42, em Viana do castelo, com cerca de 40 minutos de atraso em relação à hora prevista.
O presidente reeleito, Rui Rio, entrou por uma entrada lateral da sala do Centro Cultural de Viana do Castelo pelas 21:38, sem passar pelo local onde estava a comunicação social e de forma quase discreta, com os aplausos a estenderem-se progressivamente a todos os congressistas.
Na primeira fila do Congresso, Rio teve do seu lado direito o vice-presidente José Manuel Bolieiro e o secretário-geral, José Silvano, e, do lado esquerdo, os vice-presidentes Salvador Malheiro, David Justino, Isabel Meirelles e Nuno Morais Sarmento.
O congresso foi aberto pelo presidente da Mesa, Paulo Mota Pinto.
Antes da entrada de Rio ouviu-se na sala o tradicional hino do PSD “Paz, pão, povo e liberdade”. Durante a liderança do atual presidente tem sido mais frequente o outro hino do partido com letra de Manuel Dias Loureiro, “Nós somos um rio”.
“Todos por Portugal” é o lema do Congresso, projetado em letras bancas num grande ecrã ao centro com riscas laranja e brancas.
Os ecrãs laterais foram projetando imagens da cidade de Viana do Castelo e da sala da reunião.
O 38.º congresso do PSD, com 950 delegados e 175 participantes, arranca com o discurso do presidente reeleito Rui Rio, três semanas depois de eleições diretas muito disputadas e que levaram o PSD a uma inédita segunda volta.
Rui Rio foi reeleito para um segundo mandato à frente do PSD em 18 de janeiro com 53,2% dos votos, contra 46,8% de Luís Montenegro, depois de, na primeira volta, ter falhado por pouco a necessária maioria absoluta dos votos expressos, com 49%. Pelo caminho, ficou o terceiro candidato, o presidente da Câmara Municipal de Cascais, Miguel Pinto Luz, que conseguiu 9,5% dos votos.