Desta vez, estamos safos. Portugal e a região do Minho já tiveram a sua quota parte de sustos com sucata espacial nos últimos anos, a mais recente quando partes do foguetão chinês Long March levaram ao encerramento de aeroportos em Espanha, incluíndo o de Vigo, apesar de terem caído numa zona remota do oceano Pacífico.
Entre esta noite e a manhã de segunda-feira, um satélite de medição de radiação e luz solar vai reentrar na atmosfera terrestre ao fim de quase 40 anos de pesquisa espacial para a NASA. A queda será descontrolada mas a estação espacial norte-americana já assegurou que as 2,5 toneladas que compõe o equipamento deverão desintegrar-se na reentrada, embora admita que algumas partes feitas de material mais resistente ou mais densas poderão resistir.
De qualquer forma, mesmo que essas peças caiam em cima de algo ou alguém, estamos safos. A Corporação Aeroespacial, única associação não governamental dedicada à engenharia espacial totalmente financiada pelo Governo dos Estados Unidos, já revelou as possíveis rotas do satélite durante o ciclo de 24 horas em que certamente ocorrerá a queda, e nenhuma passa por Portugal, nem sequer por quase toda a Europa.
Segundo a mesma fonte, consultada este domingo por O MINHO, a última previsão para o tempo da reentrada aponta as 03:49 desta segunda-feira, existindo uma margem de erro de mais ou menos 13 horas, o que deixa a previsão bastante incerta. Por essa hora, e de acordo com a previsão da mesma fonte, o satélite irá reentrar por cima de território chinês, na Manchuria, mas os destroços acabariam por cair no Sudeste Asiático, muito possivelmente no oceano.
A ‘longa marcha’ do pedaço de foguetão chinês que sobrevoou o Minho (e parou 300 aviões em Espanha)
Cai-nos na cabeça? É mais provável do que ganhar o Euromilhões
A NASA assegura que não deverá causará qualquer dano. Como a possibilidade de atingir alguém é de 1 em 9.400, segundo a NASA, é um risco a correr. Diga-se que a probabilidade de nos cair na cabeça é infinitamente maior do que a de ganhar o Euromilhões (caso só faça uma aposta). No entanto, há muita gente que o ganha, e ainda ninguém levou diretamente com um satélite na cabeça.
Americanos criticaram chineses
Em novembro de 2022, depois de parte de um foguetão chinês ter caído de forma descontrolada, o diretor do Centro de Estudos para Detritos Aeroespaciais dos Estados Unidos, durante um ‘briefing’, lamentou não existir qualquer tratado que forçasse a China a parar com quedas descontroladas de lixo espacial.