O município do Porto não vai abandonar a associação luso-galaica do Eixo Atlântico, garante o seu presidente Rui Moreira. Mas o autarca responde às críticas que lhe foram feitas pelo secretário-geral Xóan Vasquez Mao, em entrevista a O MINHO, dizendo que não está a pedir a sua demissão, mas avisando que é mais fácil ser este a sair do que ser a cidade invicta a fazê-lo.
No passado dia 10, em entrevista sobre vários temas de interesse da Euro região, o dirigente galego, respondendo a uma pergunta sobre o eventual abandono do Porto da associação, Xóan Mao declarou: “Se finalmente um presidente da câmara municipal decide sair, o único que podemos fazer é indicar-lhe a porta de saída”.
E acrescentou: “Se o presidente da câmara considera que o Eixo não representa os interesses da sua cidade ou, por ser uma organização onde as coisas são por consenso, e esse presidente tem uma maneira de ver as coisas onde sempre tem que ter vencedores e vencidos, aí, logicamente, nós não podemos fazer nada”.
O secretário-geral do Eixo disse, ainda, que “o Porto leva tempo sem participar nos trabalhos do Eixo e isso não contribui nada para as demais cidades. Portanto, nem se expulsa nem se retém. Se o Presidente decide finalmente tomar essa decisão, com a que leva tempo ameaçando, e a Assembleia Autárquica a referenda, (que tem de aprovar tanto a entrada como a saída porque estar no Eixo não é uma opção de partido senão de cidade), pois que se vão em paz e, quando mudarem de Presidente, já voltarão, não me preocupa muito”.
Críticas sem sentido
Esta posição – que o leitor pode ler na íntegra na dita entrevista (aqui) – não caiu bem no autarca portuense: “Não se compreende como é que um funcionário ataca uma das Câmaras que integra o Eixo”, diz, frisando que “é mais fácil que o senhor secretário-geral saia do cargo do que o Porto a abandone”.
Rui Moreira diz que abordou ontem o assunto com o vice-presidente do Eixo, o autarca de Braga, Ricardo Rio, e tentou falar, sem o conseguir dado que estava em férias, com a presidente da Associação, a ‘alcadesa’ Lara Mendez, de Lugo. “Disse-lhe que não faz sentido que um funcionário , pago pelo Eixo, produza críticas a um dos seus membros”, afirma.
O edil sublinha que “não é por acaso” que municípios como os de Chaves e de Verín – que foram uma eurocidade – tenham abandonado o Eixo: “A verdade é que aqui no Porto, a Associação pouco fez. Demos-lhe uma casa na Ribeira para que desenvolvesse atividades, nomeadamente culturais – pagando apenas 33 euros – e quase nada fizeram, ao ponto de a Câmara acabar com o contrato e passar o edifício para uma função de ateliê para artistas naquela zona nobre da urbe”.
“O Porto relaciona-se com muitas cidades galegas e espanholas, como sucedeu com as recentes visitas de trabalho, e de cooperação, com Valladolid e Logroño. Relacionamo-nos a nível político e não com funcionários que julgam ter direito a insultar a nossa cidade e os seus eleitos”, acrescenta.
A próxima assembleia geral do Eixo deve ocorrer em fevereiro de 2023, ocasião em que o Porto pode levantar o problema da continuidade do Secretário-Geral.