A construção de um Complexo Desportivo na freguesia de S. Vítor, em Braga, contestada pelos moradores da Rua Luís Soares Barbosa, deu origem a uma nova polémica, no caso entre a Junta de Freguesia e a Câmara.
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Depois de o presidente da Câmara, Ricardo Rio ter vindo a público responder às críticas dos moradores, assegurando a bondade e a legalidade da concessão do terreno para o equipamento desportivo, e de, em simultâneo, criticar a postura no processo do presidente da Junta de São Vítor, Ricardo Silva, que disse ser “oportunista e demagógica”, este publicou uma nota de réplica, a qual, por sua vez, originou, hoje, uma resposta da vice-presidente do Município, Sameiro Araújo.
Diz o autarca de São Vítor: “Ao contrário do que é anunciado pelo presidente da Câmara, a Junta não esteve envolvida desde a primeira hora, já que, quando o seu presidente foi chamado a participar numa reunião com a vereadora Sameiro Araújo, em novembro de 2018, o Município tinha já, em sua posse, umas imagens 3D com o aspeto do ‘futuro complexo’ e no local apontado”.
Acrescenta que solicitou três esclarecimentos: “Que tivesse acesso ao estudo hidrogeológico do local, para perceber se afetava a ribeira do Pinheiro ou de S. Victor, afluente do Rio Este; Que se pudesse perceber o impacto do trânsito automóvel naquele local já pressionado e onde o estacionamento é reduzido, investindo na requalificação da Rua Luís Soares Barbosa; e, ainda, se haveria alguma forma de estabelecer uma espécie de acordo parassocial com a entidade promotora, para que os cidadãos residentes na Freguesia, pudessem ter algum benefício direto com aquele empreendimento”.
Diz que a Junta – e ao contrário do que sustenta Ricardo Rio – “não teve participação na elaboração do caderno de encargos e que a questão da requalificação da Rua Luís Soares Barbosa ficou todos estes cinco anos a aguardar, até que, no passado dia 05 de julho, a Junta foi convocada para uma reunião com a Vereadora Olga Pereira, para informar da obra que irá ser realizada no quarteirão compreendido entre a Rua Fernando Oliveira Guimarães, Avenida Antero de Quental (parte Norte) e a Rua Luís Soares Barbosa”.
Acentua, ainda, que o levantamento hidrogeológico nunca foi facultado, pelo que “nunca foi possível à Junta perceber se havia afetação ou não dos lençóis de água”.
Altino Bessa desautorizado
Ricardo Silva diz, ainda, e referindo-se à afirmação de Ricardo Rio de que este espaço era pouco aproveitado para a “fruição da população residente”, que o edil esquece, com certeza, que não só desautorizou uma linha de conduta do vereador do Ambiente, como nunca quis investir na qualificação do espaço, ordenando-o e consubstanciando-o com mobiliário urbano como os cidadãos mereciam”.
E acusa: “Observa-se um claro atropelo ao trabalho do vereador do Ambiente, trabalho esse apoiado, desde a primeira hora, pelo presidente da Junta”.
Sobre o facto de a Junta ter votado favoravelmente, na Assembleia Municipal, a desafetação do terreno do domínio público, Ricardo Silva diz que quem representou São Vítor, na ocasião, foi um outro membro do Executivo, no caso, do PSD.
Conclui, lamentando que o presidente da Câmara “não tenha a sensatez e a coragem de se deslocar à Rua Luís Soares Barbosa e se reunir com os moradores, refugiando-se em comunicados”.
Vice-presidente diz que São Vítor nunca foi contra
Esta tarde e numa nota a propósito, Sameiro Araújo, a vice-presidente da Câmara, que tutela o Desporto, veio a público desmentir o autarca de São Vítor, a propósito de duas reuniões havidas: “Nunca o presidente da Junta se mostrou desagradado ou contra esta construção, pelo contrário saudou a possibilidade de crianças da freguesia poderem usufruir do futuro Complexo Desportivo”, afirma
Acrescenta que, na reunião, “apenas ressalvou a necessidade de serem acautelados lugares de estacionamento, tendo-lhe sido explicado que o caderno de encargos exigiria a construção desses lugares, ficando desde logo esse problema ultrapassado”.
A nota da vice-presidente acentua que, em 15 de fevereiro de 2019, houve nova reunião com o presidente da Junta para dar a conhecer a proposta vencedora, bem como algumas imagens do futuro Complexo Desportivo.
E assegura: “Também nesta reunião nunca o presidente da Junta se mostrou desagradado ou contra esta construção deste equipamento desportivo”.
Quer “relevância política”
E a concluir, Sameiro Araújo desmente: “Nunca, em reuniões ou momento algum, foi solicitado pela Junta um estudo hidrológico do local, de tráfego ou um qualquer acordo parassocial. Como já é público a Junta votou favoravelmente aquando a desafetação que viabilizaria a concessão. Apesar de não ter sido o presidente da Junta a participar nessa reunião da Assembleia Municipal, nunca se demarcou desta posição pelo que seguramente essa seria a sua posição no momento”.
E contra-ataca: “Quaisquer outros argumentos ou explicações que possam novamente surgir em comunicados ou ‘posts’ nas redes sociais não passam de fabulações de quem carece de tricas políticas para conseguir a relevância política que não consegue alcançar no desenvolvimento do seu trabalho”.
“A defesa do interesse público e das comunidades está na tomada de decisão com base em critérios sérios e rigorosos e não em surfar a onda da contestação, comportamentos estes que infelizmente já não são primários”, concluiu.