O episódio de poeiras que está a afetar Portugal continental desde o passado dia 15 de março, e que teve origem em tempestades de areia no Norte de África, poderá continuar a afetar o estado do tempo até sábado, disse hoje o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA).
Em comunicado, o IPMA refere que a concentração de poeiras sobre a Península Ibérica deverá diminuir gradualmente, no entanto não é de excluir a probabilidade de poder continuar a afetar o estado do tempo até dia 19, podendo persistir a formação de uma camada de nuvens altas, a dissipar-se lentamente, condicionando a temperatura observada à superfície.
Explica o instituto que estas tempestades resultaram do vento forte à superfície associado à depressão Célia, a qual influenciou o estado do tempo na Madeira nos dias 14 e 15 de março e se encontra neste momento sobre o Mediterrâneo em fase de dissipação.
“Além dos impactos deste episódio de poeiras ao nível social, uma análise preliminar permitiu também identificar um impacto no desempenho dos modelos numéricos de previsão do tempo”, realça o IPMA, revelando que a “concentração de poeiras nos níveis médios e altos da atmosfera deu origem à formação de uma densa camada de nuvens que de outro modo não se teria formado e que, por esse motivo, não foi bem prevista pelos modelos numéricos de previsão do tempo”.
E prossegue: “Em consequência da referida camada de nuvens, a radiação solar que atingiu a superfície foi menor que a prevista pelos modelos numéricos e, em consequência, os valores da temperatura do ar, em particular da temperatura máxima, foram inferiores aos valores previstos, com as diferenças a atingirem cerca de 5 °C em alguns locais”.
De acordo com o IPMA, as poeiras chegaram em níveis baixos da atmosfera desde a região da Argélia até à Península Ibérica, contornando o sistema montanhoso do Atlas pelo seu bordo oriental.
“Tipicamente as poeiras resultantes das tempestades de areia na região da Argélia são transportadas para o Mediterrâneo vindo a afetar também os países Mediterrânicos do sul da Europa”, esclarece.
Os efeitos mais visíveis são a alteração da cor do céu visto que as poeiras estão normalmente acima da superfície, embora dependendo da sua concentração possam atingir níveis mais baixos com implicações na qualidade do ar e possíveis impactos na saúde.