Poder socialista soma 27 anos em Viana mas conta já com cinco adversários

Eleições autárquicas 2021

A liderar a Câmara de Viana do Castelo há 27 anos consecutivos, o PS coloca o peso da sucessão nas mãos de Luís Nobre, que, para já, tem pela frente cinco candidaturas concorrentes.

Além da saída do socialista José Maria Costa por ter atingido o limite de mandatos autárquicos, o número de candidaturas até agora formalizadas pode dividir votos na capital do Alto Minho.

Outro fator de divisão, não só no concelho como no distrito de Viana do Castelo, tem sido a constituição da empresa Águas do Alto Minho (AdAM). A empresa de gestão das redes de abastecimento de água em baixa e de saneamento básico entrou em funcionamento em janeiro de 2020 e tem sido um dos principais argumentos políticos a marcar a pré-campanha eleitoral para as autárquicas deste ano, ainda sem data.

A AdAM é detida em 51% pela Águas de Portugal (AdP) e em 49% pelos municípios de Arcos de Valdevez (PSD), Caminha (PS), Paredes de Coura (PS), Ponte de Lima (CDS-PP), Valença (PSD), Viana do Castelo (PS) e Vila Nova de Cerveira (Movimento independente PenCe – Pensar Cerveira), que compõem a Comunidade Intermunicipal (CIM) do Alto Minho.

Três concelhos do distrito – Ponte da Barca (PSD), Monção (PSD) e Melgaço (PS) – reprovaram a constituição daquela parceria.

A criação da empresa tem sido contestada por vários partidos e pela população, que nas ruas, em manifestações, se queixa do aumento “exponencial” das tarifas e do “mau” funcionamento dos serviços, reclamando a sua reversão e a devolução da gestão daquelas redes a cada um dos municípios.

Além do atual vereador do Planeamento e Gestão Urbanística, Reabilitação Urbana, Desenvolvimento Económico, Mobilidade, Coesão Territorial e Turismo, o socialista Luís Nobre, concorrem às autárquicas o social-democrata Eduardo Teixeira, em coligação com o CDS-PP; Cláudia Marinho, pela CDU; Maurício Antunes da Silva, pela Iniciativa Liberal; Rui Martins, pelo Nós, Cidadãos!; e Jorge Teixeira, pelo BE.

Os sete mandatos autárquicos consecutivos de maioria socialista, iniciados em 1994, foram antecedidos por cinco mandatos do PSD, entre 1976, ano das primeiras autárquicas em Portugal, e 1993.

A governação do social-democrata Carlos Branco Morais, que ficou marcada pela tentativa de retirar o Castelo ao nome da cidade, foi interrompida nas autárquicas de dezembro de 1993, por um médico independente. Defensor Moura conquistou a autarquia e, em janeiro de 1994, quando assumiu funções na presidência do município, filiou-se no PS.

O atual presidente, José Maria Costa, entrou para a Câmara como adjunto de Moura, em 1994. Foi vereador até 2009, quando se estreou como cabeça de lista do PS à Câmara de Viana do Castelo, já que Defensor Moura atingira o limite de mandatos autárquicos.

Este ano, o cenário repete-se e José Maria Costa quer passar o testemunho ao vereador Luís Nobre. O arquiteto entra na corrida para garantir a eleição de sétimo vereador para o PS, prometendo dar “continuidade ao trabalho de sucesso realizado pela equipa” que integrou nos últimos anos.

O social-democrata Eduardo Teixeira, em coligação com o CDS-PP, volta a candidatar-se, oito anos depois de ter tentado ganhar a autarquia aos socialistas. O economista, líder da concelhia do PSD e deputado eleito pelo distrito de Viana do Castelo, acredita que vai “vencer”.

Cláudia Marinho é repetente como cabeça de lista da CDU à Câmara de Viana do Castelo, na qual ocupa, há oito anos, o único lugar no executivo que o partido conquistou em 2013. Também concorre para “ganhar”, mas admite que se esse cenário não se concretizar o objetivo da CDU “é duplicar a presença na autarquia”.

A Iniciativa Liberal candidata Maurício Antunes da Silva. O coordenador geral e membro fundador do Núcleo Territorial de Viana do Castelo e membro do Conselho Nacional da IL estreia-se na política e está confiante em que o “desgosto” do eleitorado no centro-direita permitirá a eleição de um vereador.

O Nós, Cidadãos! apresenta o arquiteto Rui Martins, que estava afastado da vida política ativa há mais de duas décadas. Em 1994, integrou, como vereador do Planeamento, Gestão Urbanística e Ambiente, a equipa de Defensor Moura. Antes, entre 1989 e 1993, o arquiteto fez parte, como vereador independente, do mandato da maioria social-democrata presidida por Carlos Branco Morais.

O BE volta a apostar no arquiteto e professor do ensino superior Jorge Teixeira para eleger o primeiro vereador no executivo em 22 anos de existência do partido.

A ameaça da prospeção minerais na serra D’Arga é outro dos temas que prometem marcar o debate, por abranger uma área de 10 mil hectares nos concelhos de Caminha, Vila Nova de Cerveira, Viana do Castelo e Ponte de Lima, dos quais 4.280 hectares se encontram classificados como Sítio de Importância Comunitária.

O concelho de Viana do Castelo, com 319 quilómetros quadrados, tinha em 2019, de acordo com o portal Pordata, 84.527 habitantes, 22,9% dos quais com 65 ou mais anos.

 Segundo a plataforma EyeData, o ganho médio mensal dos trabalhadores por conta de outrem era em 2018 de 1.070,70 euros (contra 1.168,42 a nível nacional) e o número de médicos por mil habitantes era em 2019 de 5,84, acima dos 5,39 de Portugal.

Nas autárquicas de 2017, o PS conquistou 53,68% dos votos e garantiu seis mandatos. O PSD atingiu os 21,25% e dois mandatos, e a CDU alcançou 8,11%, ficando com um eleito.

Por Andrea Cruz, da Agência Lusa.

 
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