Uma plataforma digital criada pela Comissão de Festas da Senhora da Agonia, Viana do Castelo, vai permitir a participação de mulheres de todo o mundo no desfile da mordomia, número emblemático daquela romaria, disse hoje à Lusa a organização.
“O objetivo é alargar a participação de todas as mulheres interessadas, entre emigrantes e estrangeiras. Qualquer mulher, em qualquer parte do mundo, pode inscrever-se e participar. Não há limite do número de participantes, mas só podem desfilar jovens a partir dos 14 anos”, explicou à agência Lusa o presidente da Comissão de Festas da Senhora da Agonia, António Cruz.
Pela primeira vez, as inscrições para aquele número emblemático das Festas d’Agonia, vão acontecer entre 16 de julho e 03 de agosto, exclusivamente, através daquela plataforma digital.
De acordo com António Cruz, com a disponibilização daquela ferramenta eletrónica “o número de participantes poderá vir aumentar”.
“Todos os anos temos tido cerca de 500 mulheres a participar no desfile da mordomia. Com a possibilidade de inscrição através da internet estamos à espera que esse número possa vir a aumentar”, sustentou.
A constituição da plataforma implicou a criação de um documento intitulado “Condições de Participação no Desfile da Mordomia” que “deve ser lido e aceite pelas participantes, revelando todos os direitos e deveres tanto das mordomas como organização”.
A edição 2018 da Romaria d’Agonia vai decorrer de 17 a 20 de agosto, organizada pela VianaFestas, sendo o desfile da mordomia um dos números mais emblemáticos, com mais de meio milhar de mulheres a desfilar pelas ruas da cidade.
Este ano, o desfile acontecerá na tarde de 17 de agosto, uma sexta-feira.
O desfile da mordomia é o momento em que os diferentes trajes das freguesias de Viana se encontram e mostram, de uma só vez à cidade.
Trata-se de uma tradição cada vez mais enraizada entre as jovens e mulheres de Viana do Castelo e que junta várias gerações, num quadro único das festas.
Desde 2014, também as mulheres da ribeira de Viana do Castelo, com os seus trajes de varina, participam neste desfile colorido pelos vermelhos, verdes e amarelos dos típicos e garridos trajes das diferentes freguesias.
Não faltam também os fatos de noiva mais sóbrios, de cor preta. Neste número algumas das mulheres chegam a carregar, dezenas de quilos de ouro, reunindo as peças de famílias e amigos num único peito, simbolizando a “chieira” (termo minhoto que significa orgulho) e outrora o poder financeiro das famílias.
A certificação do traje à Vianesa, com origem no século XIX, foi publicada em Diário da República no final de 2016.
O traje assume-se como um símbolo tradicional da região, nas suas várias formas, consoante a ocasião e o estatuto da mulher. Em linho e com várias cores características, onde sobressai o vermelho e o preto, foi utilizado até há cerca de 120 anos pelas raparigas das aldeias em redor da cidade de Viana do Castelo.
As características deste traje, como o seu colorido e a profusão de elementos decorativos, permitem identificar facilmente a região de origem, no concelho, motivo pelo qual se transformou, segundo os especialistas, “num símbolo da identidade local”.