A deputada do PCP Carla Cruz alertou esta segunda-feira para as dificuldades que enfrentam atualmente as pequenas empresas do setor do vestuário, no concelho de Vizela, que trabalham para o grupo espanhol Inditex.
“Têm-nos chegado enormes preocupações de pequenas e microempresas que trabalham a feitio ou à peça, em regime de subcontratação, para o grupo Inditex”, comentou, em declarações à Lusa.
A deputada eleita pelo círculo eleitoral de Braga e dirigentes locais do PCP reuniram-se na tarde desta segunda-feira com diretores da Associação Comercial e Industrial de Vizela para analisar a situação no concelho.
No final do encontro, Carla Cruz adiantou haver “muitas empresas [de Vizela] que, desde setembro, estão sem trabalho, onde os trabalhadores foram forçados a ir de férias ou até para situações de desemprego”.
Um dirigente local comunista disse à Lusa que em 2017 fecharam no concelho quatro pequenas empresas do setor do vestuário e confeções, afetando cerca de 40 trabalhadores.
A situação, previu, poderá agravar-se nos próximos meses, acrescentando que as dificuldades atuais afetam também empresas que operam noutros concelhos de Vale do Ave, nomeadamente Fafe.
Assinalou, por outro lado, que o problema atual é agravado pelo interesse de alguns intermediários do grupo Inditex que preferem fazer encomendas em Marrocos, onde obtêm preços mais baixos.
Sobre a situação do setor, a deputada criticou os grandes grupos económicos que “sugam” as pequenas empresas “até ao tutano” e “têm políticas agressivas que visam só lucro”.
“É preciso romper-se com estas políticas monopolistas dos grandes grupos que encontram neste distrito [de Braga] formas de explorar os micro e pequenos empresários”, declarou.
Por outro lado, as dificuldades que se observam no terreno, sinalizou Carla Cruz, contrastam com “as notícias de que o têxtil vive uma grande situação, que exporta muito e que aumenta lucros”.
“Há grandes lucros no setor do têxtil, mas os salários continuam a ser extremamente baixos”, criticou, situação que reforça “a necessidade de se apostar na produção nacional no setor do vestuário”.
“Continuaremos a exigir ao Governo que se rompa com as políticas de desindustrialização do país e que se volte a industrializar”, concluiu.
A Lusa tentou ouvir a Inditex, mas tal não foi possível até ao momento.