Uma das primeiras imagens captadas com recurso ao telescópio espacial James Webb, reveladas pela NASA no primeiro semestre deste ano, mostravam a imponente Nebulosa do Anel, com duas estrelas, uma em vias de morrer, provocando o efeito nebuloso ao ver destruir as suas camadas, e outra ainda rija, que orbita ao redor da moribunda.
Essa mesma estrela, situada a 2.300 anos-luz da Terra e que ainda orbita com pujança, foi captada ao pormenor pelo telescópio internacional graças à capacidade de reconhecimento das ondas infravermelhas, revelando que, na realidade, poderão existir não duas mas cinco estrelas na Nebulosa que foi descoberta em 1779 pelo astrónomo francês Antoine Darquier de Pellepoix.
A fotografia agora revelada assemelha-se em muito a um pedaço de carne pronta a cozinhar, como um bife ou uma costeleta, mas esse efeito deve-se aos infravermelhos e aos gases libertados pelas estrelas, que formam uma espécie de anel ou pétalas, havendo quem lhe chame “Rosa Cósmica”.
“Cada uma destas duas visões da Nebulosa do Anel combinam registos de perto e meia-distância em relação ao Webb. Em cima, temos ondas de infravermelhos que mostram um gás muito quente a rodear as duas estrelas. A estrela central que criou a nebulosa aparece a vermelho. A sua companheira a azul e branco. Na outra foto, diferentes ondas de infravermelhos mostram o fluxo de saída da estrela em direção ao Espaço”, descreve a NASA num texto que acompanha, esta quinta-feira, a divulgação da nova imagem.
O telescópio James Webb, projeto de 10.000 milhões de dólares, tem o nome de um antigo administrador da NASA e foi enviado para o espaço em 25 de dezembro, após sucessivos atrasos, num foguetão de fabrico europeu. Está em órbita a 1,5 milhões de quilómetros da Terra.
A astrónoma de Viana do Castelo, Catarina Alves de Oliveira, que trabalha no Centro de Operações Científicas da ESA, em Espanha, é responsável pela calibração de um dos quatro instrumentos do James Webb, participando na campanha de preparação das observações com fins científicos.
Vários cientistas portugueses estão envolvidos em projetos de investigação que implicam tempo de observação com o telescópio.
Os astrónomos esperam com o James Webb obter mais dados sobre os primórdios do Universo, incluindo o nascimento das primeiras galáxias e estrelas, mas também sobre a formação de planetas.