O fim do mundo explicado através de jardins. São 11 propostas, mais a vencedora do ano passado, que compõem a 15.ª do Festival Internacional de Jardins de Ponte de Lima. Até outubro, junto ao Clube Náutico é possível perceber como diferentes países concebem o fim do mundo.
Das 27 propostas a concurso, o júri composto por especialistas nas áreas de Arquitetura Paisagista, Jardinagem, Espaços Verdes, Botânica, Artes Plásticas, e Design, seleccionou, então, os 11 finalistas.
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“Mal acaba esta edição, começamos a preparar a próxima”, refere a Vereadora responsável, Mécia Martins, antes de começar uma visita guiada pelo espaço. A próxima edição terá como tema “as religiões nos jardins” e o período de candidaturas já está a decorrer.
“É um trabalho árduo e intenso porque muitas vezes é preciso fazer ajustes, nomeadamente, em termos de plantas porque algumas não se dão com o nosso clima”. Nos 15 anos de ‘Jardins’ foram mais de um milhão de pessoas que passaram por Ponte de Lima, no âmbito desta iniciativa.
Há ainda jardins concebidos pelas escolas do Concelho e que ganham protagonismo numa parte específica do espaço do Festival.
Este ano, as expectativas, em termos de visitantes é superar os 100 mil visitantes. “No ano passado, foi muito bom porque tivemos calor até Outubro o que leva as pessoas a sair de casa”, refere Mécia Martins ‘à porta do primeiro jardim.
Visita guiada
Jardim da Amizade – China
Conceção: Escola Portuguesa – SAR Macau – 8 A class e professoras Andreia Ramos e Cristina Calheiros
“Mistura elementos da cultura oriental com apontamentos da cultura portuguesa valorizando as relações entre Portugal e a China, por intermédio de Macau. A questão dos descobrimentos, o conhecimento de outros povos e culturas está muito presente. No fundo, representa o cruzamento entre duas culturas tão distantes mas por si só, tão próximas”.
O Jardim de Microclimas – Holanda
Concepção: Annechien Meier (Artista), Joost Suasso de Lima de Prado (Engenheiro) e Gert-Jan Gerlach (Cineasta)
“Foi o jardim vencedor do ano passado. Fica aqui no espaço o ano todo, no local onde foi construído. Um dos motivos porque as pessoas gostaram prende-se com o destaque dado às qualidades existentes da região e às questões relacionadas com a água, o vento e o calor que afetam Portugal nos dias de hoje”.
Paraíso Esquecido – Áustria
Concepção: Reidun Ertzeid, Oda Halseth, Edward Gunn, estudantes de arquiteura paisagística e Roland Wueck, consultor
“Foi desenhado por três estudantes de mestrado e a ideia irónica é ter um jardim onde se pode comprar qualquer coisa para se ser feliz, para fazer a vida valer a pena. Mas o jardim pode não ser aquilo que anuncia…”
Atrás da Reflexão – República Checa
Conceção: Michaela Bočková e Petr Slovák, arquitetos paisagistas
“Este jardim é uma crítica ao abuso da tecnologia que disfarça os problemas do mundo real. Joga com a mente dos visitantes dando-lhes ilusões que contrastam com a realidade. No fundo, é uma proposta sobre a aparência”.
Mirabilia – Itália
Conceção : Marco Fosella, arquitecto paisagista e Mario Pedron, paisagista
“É inspirado em obras do pintor francês Delaunay, onde a realidade é expressa por cores, formas e diferentes elementos. O círculo é muito usado para dar a noção de que a vida é cíclica”.
Utopia| Metamorfose| Distopia| Utopia – Alemanha
Conceção: Janine Tüchsen, arquitecta e Anika Slawski, urbanista
“Remete para o imaginário da Alice no País das Maravilhas. Está dividido em três partes: a utopia com o verde em destaque; a metamorfose onde as cores e formas das flores e plantas mudam e a distopia em que as plantas são de cor mais escura e mais escura (azul) do que as anteriores”.
Astrolabium – Brasil
Conceção – Fabio Azevedo da Silveira, arquiteto
“É inspirado num símbolo das descobertas, sobretudo, na sua geometria dando a ideia de algo descontínuo e até com algum imprevisto. Tem um lago que assume uma preponderância no jardim lembrando o quanto somos pequenos num mundo cheio de grandes coisas, tal como o astrolábio”.
Antiquum et Aeternum – Espanha
Conceção: Balantium, viveiro experimental
“Do fim do mundo provocado por uma energia, nasce, numa pequena gruta debaixo da carapaça de um fóssil de tartaruga uma nova vida, através de plantas, produtoras de oxigénio, essencial para a existência humana”.
Jardim Vertigem (ir)reversível – Portugal
Conceção: Fernando Ferreira, biólogo investigador e Eugénia Fernandes, psicóloga investigadora
“É a primeira proposta portuguesa e localiza-se dois minutos antes da meia-noite, hora, que segundo o relógio do Apocalipse, se irá dar uma catástrofe que originará o fim do mundo”.
Fim do Mundo, Princípio de Tudo – Argentina
Conceção: Dina Cerutti, engenheira agrónoma e Paisagista; Bárbara Del Fabro, designer de iluminação, Luciana Curvino e Raquel Zbrun, arquitetas
“Este jardim tem uma ideia base interessante porque a intenção é transportar o visitante para o fim do mundo que mais não é que o princípio de tudo. Nesta ‘viagem’, vão surgindo dúvidas, são colocadas perguntas que colocam em causa o nosso conhecimento”.
Jardim de ilusões – Portugal
Conceção: Acácio de Carvalho, professor, cenógrafo e artista plástico e António José de Carvalho, professor e artista plástico
“É uma proposta concebida por dois irmãos que usa o tema da reciclagem e da má relação entre humanos e a natureza para criar um espaço onde se misturam dois jardins que, na teoria, se podem mexer ao sabor do vento”.
Jardim sem Fim – Itália
Concepção: alunos e professores Escola Superior de Arte e Design “Augusto Passaglia”, da Toscana
“Tem por base os quatros elementos, o ar, o fogo, a terra e a água, considerados o princípio e o fim de tudo. Estão representados por canteiros representativos dessas forças da natureza tem uma fonte de água no centro que me vez de água tem plantas”.
A par dos referidos fazem-se representar no evento, os “Jardins Escolinhas”, para a sua 5ª Edição. Estes refletem um dos principais objetivos do Festival Internacional de Jardins, “conferir um contributo pedagógico e de sensibilização para a arte dos jardins e para os problemas ambientais”, afirma o autarca.