Número de formandos das Forças Armadas caiu para metade em 20 anos

Marinha Portuguesa
Foto: Facebook da Marinha Portuguesa / DR

O número de formandos por ano nas Forças Armadas Portuguesas passou de 10.225 em 2000 para 4.893 em 2019, sendo a inversão deste cenário um dos maiores desafios, juntamente com a certificação dos cursos, revelou, esta terça-feira, a Marinha.

Estes dados foram apresentados ao ministro da Defesa Nacional, João Gomes Cravinho, que visitou a Escola de Tecnologias Navais da Armada (ETNA), na Base Naval de Lisboa, em Almada, no distrito de Setúbal, para ficar a conhecer melhor o sistema de formação da Marinha.

Apesar da redução no número de formandos, segundo o subdiretor de formação da Marinha, Pereira Simões, verifica-se um aumento da qualidade da formação, que, no ano passado, foi avaliada com 3,69 valores, enquanto em 2012 tinha apenas 3,46 (numa escala de zero a quatro).

Além disso, a certificação dos cursos tem sido uma das prioridades, sendo feita pela Associação Portuguesa de Certificação (APCER) desde 2016, de forma a “elevar a qualidade da formação”.

Ainda assim, de acordo com o responsável, apenas 45% dos praças obtêm formação certificada, não tendo equivalências na vida civil, pelo que a aposta no aumento da certificação é um dos maiores desafios para o futuro.

Em declarações à Lusa, o ministro da Defesa considerou que esta situação acontece porque “num primeiro momento a formação era concebida exclusivamente para o desempenho de formações dentro da Marinha”.

Gomes Cravinho indicou que nos últimos três anos tem-se procurado “fazer com que essa formação tenha equivalências e utilizações na vida civil”, um desafio que tem a ver com a “conciliação daquilo que é significativo e útil fora da Marinha e com aquilo que são as necessidades específicas”.

Nesta visita, o governante mostrou-se “extremamente bem impressionado”, tendo constatado o empenho da Marinha Portuguesa em “atualizar a sua formação” para corresponder às mudanças na sociedade.

“A primeira prioridade desta instituição é a de corresponder às necessidades da Marinha, que está agora a sofrer transformações para corresponder melhor ao catálogo nacional de qualificações e criar condições para que, eventualmente, se os marinheiros regressarem à vida civil, tenham as qualificações adequadas para exercer profissões na vida civil”, indicou.

Além disso, João Gomes Cravinho destacou que a ETNA já tem “formandos externos”, como é o caso do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF) ou o grupo empresarial Jerónimo Martins, que mostra como este tipo de formação da Marinha é “uma mais-valia para o país”.

Segundo outra apresentação feita pelo comandante Fernando Moreira, o ETNA tem em média 411 cursos por ano em diferentes áreas de formação transversal, militar, de técnica geral e específica, sendo que, no ano passado, 388 correspondiam a aperfeiçoamento e apenas 35 a carreira militar.

À semelhança da redução de formandos nas Forças Armadas em geral, acrescentou, esta instituição também “não tem atingido” a lotação máxima de 566 formandos.

Ainda assim, verifica-se um aumento da participação em cursos de aperfeiçoamento, passando de 2.279 em 2010, para 3.005 em 2019.

Pelo contrário, regista-se a diminuição do número de formandos em cursos de carreira, que em 2010 eram 942, mas no ano passado apenas se contabilizaram 322.

A visita do ministro da Defesa Nacional inseriu-se nas comemorações do quinto centenário da viagem de circum-navegação e terminou com o descerramento de um busto em homenagem a Fernão de Magalhães.

 
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