O Ministro do Mar português, Ricardo Serrão Santos, participou hoje na 26.ª conferência do clima das Nações Unidas (COP26), onde defendeu a importância de continuar a discutir a proteção dos oceanos juntamente com as ações climáticas
“Os oceanos são um elemento de esperança para a saúde e para a produtividade do planeta. Mas os problemas [das alterações climáticas] resultam das opções que nós tomamos em termos das nossas economias, de utilização de combustíveis fósseis”, afirmou aos jornalistas, à margem do evento, a decorrer em Glasgow.
O ministro fez várias intervenções nas quais manifestou empenho na implementação dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Agenda 2030 da ONU, que espera ver abordados na Conferência dos Oceanos das Nações Unidas, que terá lugar em Lisboa de 27 de junho a 01 de julho de 2022.
Segundo o governante, é “necessário manter esta linha de progresso para a grande discussão que vamos ter sobre o objetivo de desenvolvimento sustentável número 14, que tem a ver com a vida debaixo de água, com oceanos saudáveis e oceanos produtivos”.
O ministro desvalorizou o facto de o Dia de Ação do Oceano coincidir com o Dia da Juventude, tema que dominou hoje muitas das discussões, acentuado pela manifestação de milhares de jovens nas ruas da cidade.
Serrão Santos mostrou-se solidário com os protestos, admitindo ser necessário “um certo radicalismo para de facto abanar os processos de governação”.
“Eu admiro o papel que eles estão a fazer”, afirmou.
Serrão Santos foi o primeiro membro do Governo a participar na Conferência, pois o primeiro-ministro, António Costa, cancelou a presença devido à crise política.
Porém, negou que Portugal está representado por uma delegação de técnicos que participam nas negociações.
“Não diminui em nada o empenho e a imagem que Portugal tem neste contexto das alterações climáticas como um país que está muito envolvido. Foi um dos primeiros a determinar os processos descarbonização e de neutralidade de carbono, portanto estamos aqui muito bem representados pelo Ministério do Ambiente e do Ministério dos Negócios Estrangeiros”, vincou o ministro.
As deslocações também estão a ser complicadas pelas questões logísticas em termos de alojamento, esgotado pelos mais de 30 mil delegados que participam na Conferência.
“Ontem [quinta-feira] cheguei aqui e a minha reserva de hotel não existia”, revelou, acrescentando que a situação foi resolvida rapidamente.
Mais de 120 líderes políticos e milhares de especialistas, ativistas e decisores públicos reúnem-se até 12 de novembro, em Glasgow, na Escócia, na 26.ª Conferência das Nações Unidas (ONU) sobre alterações climáticas (COP26) para atualizar os contributos dos países para a redução das emissões de gases com efeito de estufa até 2030.
A COP26 decorre seis anos após o Acordo de Paris, que estabeleceu como meta limitar o aumento da temperatura média global do planeta entre 1,5 e 2 graus celsius acima dos valores da época pré-industrial.
Apesar dos compromissos assumidos, as concentrações de gases com efeito de estufa atingiram níveis recorde em 2020, mesmo com a desaceleração económica provocada pela pandemia de covid-19, segundo a ONU, que estima que ao atual ritmo de emissões, as temperaturas serão no final do século superiores em 2,7 ºC.