A procura por habitações nos concelhos de Braga e de Guimarães tem registado um aumento elevado nos últimos meses, depois de algum abrandamento em 2020 por causa da pandemia, considera o mais recente Estudo de Mercado da agência imobiliária do setor premium Engel & Völkers, cujas transações com estrangeiros nesses dois concelhos rondaram os 90% do total efetuado em 2022.
Explica a agência que, em média, os compradores não residentes em Portugal representam cerca de 12% no concelho de Braga e 7% no de Guimarães, e que a “importância dos compradores estrangeiros não é uniforme na região de Braga ou nos vários segmentos de preço”.
No relatório interno datado do início da semana e a que O MINHO teve acesso neste domingo, o volume de transações de habitação nova em Braga e Guimarães tem vindo a crescer nos últimos anos, “sendo expectável a manutenção dessa tendência no futuro próximo”.
90% dos compradores do ‘premium’ são estrangeiros
“Atualmente, os estrangeiros representam 90% das operações de intermediação realizadas pela agência da E&V Braga e Guimarães, com os e alemães, britânicos, franceses e norte americanos a liderar as compras de habitação”, refere Christopher Diener, responsável da agência da E&V Braga e Guimarães.
O diretor revela que são preferidas as moradias com mais de três quartos e áreas superiores a 200m2 e que os valores médios de aquisição da agência ‘premium’ ronda o meio milhão de euros.
No relatório consultado por O MINHO é possível verificar que no ano de 2022 foram efetuadas 2.900 transações no concelho de Braga enquanto no concelho de Guimarães cerca de 1.700 , um número superior ao pré-pandemia.
Salienta Christophér Diener que “o aumento da inflação e das taxas de juro durante 2022 parece ter afetado mais a procura em Braga do que em Guimarães, porque de resto Guimarães conseguiu até um ligeiro aumento das vendas de habitação no ano passado”.
Segundo o diretor da E&V Braga e Guimarães, “a procura na região de Braga deverá crescer nos próximos 12 meses, com a ajuda do aumento do interesse dos compradores estrangeiros por propriedades premium no concelho”.
Explica Diener que alguns destes compradores estão a mudar a sua residência para a região de Braga, onde tencionam trabalhar remotamente, enquanto outros clientes estão a adquirir casas de férias nos centros das cidades para exploração como alojamento local.
As revendas continuam a representar a grande maioria das transações de habitação na região de Braga, cerca de 80% do total das transações em 2022.
Arrendamento tem vindo a crescer
O relatório da H&V mostra também que o mercado de arrendamento na região de Braga tem crescido, com 2,4 mil novos contratos de arrendamento em Braga e 1,2 mil em Guimarães.
“Isto significa que cerca de 4,5% e 2,1% do stock de habitação em Braga e Guimarães respetivamente é arrendado anualmente, sendo as zonas mais centrais da cidade onde se concentra a grande maioria da oferta das casas para arrendamento (60%)”, salienta o documento.
Em Braga, o mercado de arrendamento chega a ser superior à média nacional, números que, considera a H&V, demonstram “a importância da população universitária na cidade”.
“Mais recentemente, o fenómeno dos nómadas digitais e as alterações às condições de financiamento também vieram a ajudar este aumento”, salienta o relatório da agência imobiliária.
Segundo a agência, no primeiro trimestre de 2023, o número total de casas em oferta nos concelhos de Braga e Guimarães rondava os 2.900 e 1.100 fogos (novos e usados) respetivamente, uma oferta superior em 20% da registada em 2022, representando 6% e 2% do stock habitacional no concelho de Braga e Guimarães respetivamente.
A quantidade de nova habitação nos concelhos de Braga e Guimarães já representa 19% e 23% das novas transações.
Nos últimos quatro anos contruíram-se, em média, 560 e 390 fogos anualmente em Braga e Guimarães.
Pouca oferta
O relatório aponta para dificuldades na oferta por causa da falta de mão de obra e dos elevados custos dos materiais, mas mostra otimismo em relação ao futuro, acreditando num aumento de oferta de habitação nestes dois concelhos durante os próximos anos.
“Considerando a evolução das licenças de construção de habitação até 2020, é previsível que o peso de produto residencial novo na região de Braga continue a crescer nos próximos anos”, indica o relatório.
Em média, o escoamento da oferta residencial em Braga e Guimarães ronda os 8 meses.
Preços elevados
Em relação aos preços, o aumento das taxas de juro e diminuição do poder de compra, com ajuda da inflação, levaram a uma subida de de 58% e 39% nos concelhos de Braga e Guimarães, respetivamente, desde 2019.
“Os preços de habitação em Braga e Guimarães aumentaram 18% e 11% respetivamente durante o ano de 2022. Este crescimento parece ser justificado pelo interesse dos compradores, nacionais e internacionais, juros baixos até 2022, conjugada com uma oferta de produto residencial condicionada”, salienta a H&V.
Freguesia de Costa lidera em Guimarães
A freguesia da Costa, em Guimarães, é onde se encontram os preços mais elevados no que à habitação diz respeito, com valores médios de transação próximos dos 1.350 euros por m2 e valores médios de oferta de 2.000 euros por m2.
Rendas elevadas
Em 2022, a renda média de novos contratos de habitação nos concelhos de Braga e Guimarães rondava os 6,0 e 4,4 euros por m2/mês, enquanto as rendas de oferta médias atuais rondam os 8,1 e 8,9 euros por m2/mês.
Segundo o relatório, que cita dados do INE, as rendas em Braga registaram um crescimento de 9,7%, desde 2017.