O recandidato à presidência da Câmara de Caminha, Miguel Alves, foi sábado protagonista no 23º Congresso Nacional do PS, em Portimão, ao apelar à “revolta da paisagem” contra o centralismo de Lisboa, considerando que os socialistas devem “estar atentos a esta revolta pelos interesses do país”.
O atual presidente de Câmara e da Federação Distrital socialista subiu ao púlpito após Pedro Marques, eurodeputado e antigo ministro das Infraestruturas, e relembrou que a ‘bazuca’ económica poderá ajudar a desenvolver os territórios para lá da capital.
Com as autárquicas em mira, o advogado caminhense relembrou que os autarcas do país vivenciaram situações bastante complicadas, como quando fecharam as escolas e alguns alunos ficaram sem a “única refeição do dia”, ou os idosos que morreram sem ver os filhos, julgando-se “abandonados depois de uma vida de trabalho”.
Miguel Alves espera e acredita que o PS, como Governo, e os autarcas, vão conseguir “dar a volta à situação e liderar o futuro do país”.
“Exigem-se nos próximos tempos protagonistas preparados, com capacidade de execução, porque o dinheiro que vem só interessa se chegar às pessoas e ao território. Por isso temos de escolher, não apenas quem é o melhor candidato a presidente de cada concelho e freguesia, mas a escolha de quem em cada concelho e freguesia poderá promover o esforço nacional da melhor maneira e com mais capacidade de execução. Isso coloca nas mãos dos autarcas o fundamental do pais na próxima década”, considerou.
Miguel Alves vê no Plano de Recuperação e Resiliência uma grande oportunidade para reduzir o fosso de investimento entre territórios.
“Eu já estou cansado de ouvir a frase: Portugal é Lisboa e o resto é paisagem. Temos agora oportunidade de acabar com a paisagem e ser um pais inteiro, aquilo a que chamo a revolta da paisagem”, afirmou Alves, considerando que “o PS tem de estar na revolta pelo interesse do país”.
Miguel Alves acredita que os autarcas do país estão aptos para conseguir evoluir os territórios com estes apoios europeus: “Nós não podemos estar mais preparados, não temos autarcas mais preparados, que dão provas contra experimentalismos, contra o mais engraçado, ou o mais comentado”.
Sem mencionar os partidos, o minhoto deixou uma ‘achega’ à direita, ao dizer que o voto nestas autárquicas “não deve servir para salvarmos líderes fracos em declínio, nem quem vem com discursos de tabacaria”.
O autarca diz que a atual oposição ao Governo não é responsável, considerando que os socialistas devem ser os críticos da própria governação.”Há especial responsabilidade do PS; porque estamos sozinhos no que diz respeito à oposição de direita. Temos de ser os nossos próprios críticos porque não vamos ter oposição construtiva. Mas essa força faz parte do PS, dos autarcas, a força que nos deram, como Jorge Coelho, para mostrar que estamos aqui, que estamos vivos e fortes”, relembrou.
E terminou: “É importante manter o foco, do que devemos fazer enquanto partido, enquanto Governo e nas autarquias”.