Mais uma para o rol de empresas recuperadas. José Manuel Vilas Boas Ferreira, um claro caso de sucesso no mundo empresarial português, quer agora, através do grupo Valerius, a que preside, recuperar a Fábrica Camisas Sagres, em Mangualde, que encerrou portas em dezembro de 2021 mandando para o desemprego 67 funcionários. A administração barcelense reuniu-se esta quarta-feira com cerca de 80 pessoas, anunciando a reativação da fábrica a partir do mês de abril.
O empresário natural de Barcelinhos, e que, desde 2005, tem vindo a recuperar empresas atrás de empresas, contando já com uma folha de pagamentos que abrange 2.500 pessoas, quer fazer com esta têxtil o mesmo que fez recentemente com a Dielmar (onde salvou 200 postos de trabalho) e, para além de assegurar o emprego aos antigos funcionários, estará a pensar contratar mais uns poucos.
Segundo anunciaram em janeiro vários jornais da zona Centro, o grupo Valerius queria ficar com os ativos da Fábrica de Camisas Sagres, e estaria em contacto com os funcionários antigos “para participarem no relançamento da empresa que deverá voltar a laborar dentro de dois ou três meses”, escreveu o jornal Correio das Beiras, em janeiro.
Empresário de Barcelos já dá emprego a 2.500 pessoas no país
Escreveu o mesmo jornal que a anterior administração “não deixou qualquer dívida, seja a funcionários, seja a fornecedores”, e que tanto o Centro de Emprego de Viseu como a Câmara de Mangualde estavam a articular a possibilidade de reconverter e modernizar as instalações para que o grupo minhoto possa investir.
Por sua vez, também em janeiro, o Jornal do Centro avançou que aquela fábrica já era cliente do grupo Valerius, algo que poderia otimizar a aquisição. Avançou também que o grupo de Barcelos queria contratar desempregados com formação na área têxtil que se encontrem inscritos no IEFP local.
Esta quarta-feira, o grupo barcelense reuniu com antigos trabalhadores, não só da Camisas Sagres como da antiga fábrica Mazur, no total de 80 pessoas, que foram convocadas pelo Centro de Emprego.
Citado pelo jornal Dão Digital, o diretor de operações do Grupo Valérius, António Cardoso, indicou que “o processo arranca com 60 pessoas, mas o objetivo passa por aumentar para 100 os postos de trabalho”.
Diz o mesmo jornal que a formação dos 60 funcionários tem início em março, para que a produção arranque em abril.
Aberta há mais de 50 anos, a Fábrica de Camisas Sagres chegou a produzir mais de 1.000 peças têxteis por dia, sobretudo para o mercado externo. No entanto, a administração alegou falta de rentabilidade e fechou portas no último dia de 2021.
O ‘salvador’ de empresas
Com o sucesso a querer não lhe ser estranho, José Manuel Vilas Boas Ferreira tirou da falência a Fábrica de Calçado Campeão Português, em Guimarães, e a conhecida Ambar, empresa de material escolar com sede no Porto. Depois, conta o Jornal de Negócios, foi a vez da famalicense Delcon, da falida Ricon. Transformou-a na Sartius e, para já, parece ter resultado. O mesmo sucedeu com a Filobranca (Famalicão) e com a Lima Têxtil (Ponte de Lima). E ainda assegurou trabalho para os funcionários dessas empresas.
O empresário voltou recentemente a estar nas bocas do país depois de ter sido o único interessado em salvar a Dielmar, empresa de Castelo Branco dedicada a vestuário. Apresentou, para isso, uma proposta de 250 mil euros que prevê a criação de mais 200 postos de trabalho, para além de manter os existentes.
Em entrevista ao Jornal Têxtil, a filha, Patrícia Ferreira, e atual CEO do grupo Valerius, prevê que, de futuro, será cada vez mais difícil conseguir mão de obra em Portugal, e por isso o grupo está também a investir em Marrocos, onde espera chegar aos 1.000 funcionários até 2027.