Dois peritos judiciais em reconstituição de acidentes rodoviários referiram a O MINHO que a maioria dos rails instalados nas autoestradas são “facas” que em muitos casos tiram a vida a motards e que a colocação de proteções “seria a diferença entre a vida e a morte”.
Segundo afirmam os dois peritos, Jorge Martins e Lúcio Machado, ambos professores de engenharia mecânica da Universidade do Minho, “das duas uma, ou se colocam em todas as estradas as adequadas proteções ou então proíbe-se os motociclistas de ali circularem”.
Jorge Martins defende que “além das proteções nos rails que deviam existir em todas as estradas onde circulam motos, os pilares que os sustentam teriam de estar não para fora, mas sim para dentro, de forma a não permitir a colisão direta para com os motociclistas”.
Aquele docente universitário defende “não só as proteções baixas nos rails”, para que os motociclistas não se enfaixem por baixa dessas estruturas, mas ainda “que os postes não estejam colocados para fora, porque o que se tem constatado é que os rails, para além de não proteger, matam, isto é, os pilares que suportam os rails. são como se fossem facas”.
“Esses pilares de aço, se por um lado protegem os automobilistas, ao permitirem que os motociclistas passem por baixo ao não estarem tapados, faz com que estes sejam cortados, retalhados, é mesmo como se fossem facas”, disse a O MINHO o professor Jorge Martins.
Uma dessas estradas sem proteções é a via rápida entre Fafe e Guimarães, segundo disse o professor Lúcio Machado, explicando que “quando há aí acidentes com motociclistas, geralmente eles morrem, porque não há ali essas proteções, que faz logo toda a diferença, pois aí como em muitas outras autoestradas o espaçamento entre os pilares é tão curto que é muito difícil ou quase impossível um motociclista que se despiste e vá contra os ralis, não apanhar um desses postes, o que é determinante para as consequências dos acidentes”.
Lúcio Machado diz “não perceber como é que as associações de motociclistas não fazem mais veementes quanto à exigência de as estradas usadas pelos motociclistas terem essas proteções, pois é um incremento de custo que não é significativo para as concessionárias, sendo essa a diferença entre a vida e a morte, já que a vida de uma pessoa não tem preço”.
De acordo com os dois docentes, do Departamento de Engenharia Mecânica, no Pólo de Azurém, em Guimarães, da Universidade do Minho, têm vindo a constatar ultimamente situações nas várias zonas do país em que as proteções teriam salvo a vida a motociclistas, isto numa época em que tem havido pelo menos um motociclista um morto diariamente.
Por outro lado, continuam a não ser obrigatórias as inspeções periódicas às motos, o que é genericamente interpretado como uma situação que potencia a falta de controlo sobre o estado de manutenção e de capacidade de reação a adversidades desses mesmos veículos.